Os microplásticos estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano, infiltrando-se no solo, na água e até mesmo no ar que respiramos. Isso se deve, sobretudo, ao descarte inadequado de plásticos que acabam em aterros, rios e oceanos. Nesses locais, os resíduos plásticos se desintegram lentamente, liberando partículas menores conhecidas como microplásticos e nanoplásticos. Esta contaminação invisível impacta desde o meio ambiente até nossa saúde.
Recentemente, estudos têm demonstrado a presença alarmante de microplásticos no corpo humano. Pesquisadores da Universidade de Leiden levantaram a hipótese de que essas partículas podem entrar em nosso organismo através de diferentes vias: ingestão, respiração ou até mesmo absorção pela pele. A descoberta de microplásticos no cérebro humano desafia a ideia tradicional de que o cérebro opera em isolamento, protegido por uma barreira hematoencefálica impenetrável.
Como os microplásticos chegam ao cérebro humano?
Uma pesquisa recente conduzida pela Freie Universität Berlin e pela USP sugeriu que os microplásticos podem atravessar a barreira hematoencefálica através dos nervos olfativos, que partem do nariz e conectam-se ao bulbo olfativo no cérebro. Estudos realizados em autópsias de cérebros de moradores de São Paulo revelaram a presença de microplásticos em oito dos 15 cérebros analisados. Apesar de o número total de partículas ser baixo, essa descoberta levanta preocupações significativas sobre as rotas de entrada desses contaminantes no sistema nervoso central.
Qual a composição dos microplástico encontrados?
As partículas de microplásticos identificadas nos cérebros incluíam fragmentos de polipropileno, náilon e outras formas de plástico, frequentemente associadas a produtos do dia a dia, como roupas de fibras sintéticas. O fato de que lavar essas roupas contribui significativamente para a poluição por microplásticos ressalta a necessidade urgente de conscientização e ação.
Por que os nanoplásticos são uma preocupação maior?
Embora os microplásticos sejam preocupantes, os nanoplásticos representam um desafio ainda maior devido à sua capacidade de penetrar nas células vivas. Estudos mostram que esses minúsculos plásticos podem entrar nas células, causando sua morte. Em embriões animais, os nanoplásticos já demonstraram provocar defeitos de nascimento quando expostos a altas concentrações. No entanto, ainda não há evidências de que seres humanos tenham sofrido um grande aumento de defeitos congênitos.
Os pesquisadores acreditam que a placenta pode atuar como uma barreira eficaz contra a transmissão de micro e nanoplásticos ao feto. No entanto, a ausência de dados robustos sobre os efeitos de longo prazo dessas partículas na saúde humana destaca a necessidade de pesquisas contínuas nessa área.
O que devo fazer para reduzir a exposição aos microplásticos?
- Reduzir o uso de materiais plásticos descartáveis.
- Promover o uso de tecidos naturais em roupas.
- Incentivar práticas de reciclagem eficazes.
- Desenvolver tecnologias de filtragem para microplásticos na água encanada.
Com o aumento da conscientização e esforços em políticas públicas, o desafio está em mitigar a liberação e o impacto dos microplásticos. À medida que aprendemos mais sobre suas vias de contaminação, torna-se possível desenvolver estratégias para proteger a saúde humana e preservar o meio ambiente para as futuras gerações.
Para mais informações:
- Jornal USP: https://jornal.usp.br/ciencias/microplastico-e-detectado-no-cerebro-humano-pela-primeira-vez/
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