Nesta terça-feira (17) foi divulgado o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que registrou uma alta de 0,18% em setembro, desacelerando em relação à variação de 0,72% observada em agosto, segundo dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). No acumulado de 2024, o índice apresenta um avanço de 2,54% e, nos últimos 12 meses, acumula uma elevação de 4,25%. Vale lembrar que em setembro de 2023, o IGP-10 havia registrado a mesma variação mensal de 0,18%, porém acumulava uma queda significativa de 6,35% no período de 12 meses.
Para Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, a desaceleração do indicador se dá devido a queda em commodities como soja e minério de ferro, sugere um alívio nas pressões inflacionárias em setembro. “Este cenário de moderada desaceleração nos preços ao consumidor deve ser monitorado de perto, já que pode influenciar a política monetária no curto prazo, embora não seja o principal indicador monitorado pelo COPOM.”, explica.
Felipe Vasconcellos, sócio da Equss Capital analisa que o resultado demonstra que, apesar da desaceleração em diversos setores, o impacto nas matérias-primas brutas e o custo crescente da mão de obra na construção civil sugerem uma pressão inflacionária que pode perdurar nos próximos meses. “Podemos esperar movimentos dessa natureza ao longo dos próximos meses uma vez que o cenário local e global ainda apresenta muitas incertezas sob a ótica da demanda de commodities, especialmente pela China, impactos das queimadas nos preços dos alimentos e um aquecimento da economia nacional”, afirma ele. “Para a economia brasileira, essa desaceleração nos preços pode aliviar a pressão inflacionária de curto prazo, mas o impacto do aumento dos custos na construção civil requer atenção, especialmente no setor imobiliário e de infraestrutura.” completou Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
Analisando os dados
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que reflete os preços no atacado e tem o maior peso no cálculo do IGP-10, também mostrou desaceleração, avançando 0,14% em setembro, frente à alta de 0,84% em agosto.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a variação de preços para o consumidor final, teve uma leve variação de 0,02%, bem abaixo do aumento de 0,33% registrado no mês anterior.
Por outro lado, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou aceleração, com alta de 0,79% em setembro, comparado à taxa de 0,59% registrada em agosto, indicando um aumento mais forte nos custos do setor de construção civil.
“É importante notar que o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou, principalmente devido ao aumento nos custos de mão de obra. Esses dados do IGP-10 têm implicações importantes para o mercado. A desaceleração da inflação pode aliviar a pressão sobre o Banco Central para manter taxas de juros elevadas, potencialmente sinalizando um ambiente mais favorável para investimentos em renda variável” analisou Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações.