A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou na segunda-feira a Operação Carência Zero, desmantelando um esquema criminoso que causou um prejuízo estimado em R$ 11 milhões à seguradora Porto Saúde. A líder da organização, Adriana Neves Castro, foi presa em sua residência em Itaguaí. A quadrilha agia de forma sofisticada, simulando vínculos empregatícios para fraudar planos de saúde empresariais.
Como era o esquema de fraudes?
As investigações revelaram um esquema criminoso altamente sofisticado, no qual a organização criminosa criou mais de 800 falsas relações de emprego por meio de empresas de fachada. Essas empresas fictícias eram utilizadas para contratar planos de saúde empresariais, que eram, posteriormente, comercializados de forma ilegal para indivíduos que não possuíam o vínculo empregatício necessário para aderir a esses planos. Dessa forma, a quadrilha burlava o sistema de seguridade suplementar, causando um prejuízo milionário à seguradora.
A estratégia fraudulenta envolvia a criação de pelo menos 10 empresas fictícias, as quais eram registradas com endereços inexistentes. Diversos beneficiários relataram que adquiriram os planos fraudulentos para realizar procedimentos médicos que, normalmente, não seriam cobertos devido ao período de carência, como cirurgias complexas e partos. De acordo com a Polícia, a quadrilha, durante seis meses do ano passado, gerou mais de R$ 2 milhões em transações ilícitas.
Atuação das autoridades e colaboração da seguradora
A ação policial foi coordenada pela 12ª delegacia, com apoio do Ministério Público e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Além da prisão, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão. A Porto Saúde, em nota oficial, destacou seu papel fundamental na identificação do esquema e no fornecimento de informações que auxiliaram a investigação. A operadora reforçou seu compromisso em combater fraudes para proteger o setor e os consumidores legítimos.
Impacto e reações no setor de saúde
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) destacou, através da sua campanha “Saúde sem Fraude”, a importância do combate contínuo a esses crimes. Segundo Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, fraudes inflacionam os custos para todos os beneficiários de planos de saúde e podem trazer sérias consequências legais para os fraudadores. Em 2022, um estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) estimou perdas entre R$ 30 bilhões e R$ 34 bilhões devido a fraudes e desperdícios, representando uma fatia significativa da receita total do setor.
A FenaSaúde também criou um canal de denúncias, que já registrou 195 casos desde maio de 2022, colaborando com investigações policiais. A operação e essas iniciativas refletem uma crescente mobilização para proteger o sistema de saúde privada no Brasil contra práticas fraudulentas.
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