Um estudo recente publicado na JAMA Psychiatry sugere que medicamentos usados no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, especificamente o Ozempic (semaglutida) e o Saxenda (liraglutida), podem ter um papel importante na redução de internações relacionadas ao alcoolismo. Realizada na Suécia, a pesquisa combate uma questão global significativa sobre o uso abusivo de álcool e suas consequências para a saúde pública.
Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacam que o uso excessivo de álcool contribui substancialmente para a carga global de doenças. Assim, há uma busca constante por novos tratamentos eficazes que possam oferecer suporte aos já disponíveis, como Antabuse e Revia, cuja adoção enfrenta limitações em diversas regiões.
Como se deu a pesquisa?
O estudo sueco analisou uma vasta gama de dados ao longo de vários anos. Mais de 227 mil indivíduos, entre 16 e 64 anos, foram acompanhados para observar o impacto dos agonistas GLP-1 na saúde daqueles com transtorno por uso de álcool. Esse tipo de medicamento foi originalmente desenvolvido para influenciar os níveis de açúcar no sangue e controlar o peso, mas agora está sendo explorado suas potencialidades neurológicas.
Quais foram os resultados?
Os resultados do estudo mostraram que o uso do Ozempic resultou em uma notável redução de 36% no risco de hospitalizações ligadas ao alcoolismo. O Saxenda também mostrou benefícios, com uma redução de 28% nas internações. Além dessas descobertas, ambos os medicamentos conseguiram diminuir as hospitalizações por outras complicações físicas, mas sem influência significativa em fatores como tentativas de suicídio.
Como os medicamentos modificam o desejo por álcool?
Originalmente, os agonistas GLP-1 foram desenhados para atuar na regulação da fome e controle glicêmico. Estudos apontam que eles também podem impactar o sistema de recompensa do cérebro, um componente chave que influencia o desejo por substâncias como o álcool. Tal mecanismo pode explicar por que esses medicamentos têm sido eficazes em reduzir o consumo compulsivo.
Considerações futuras na pesquisa do alcoolismo
Apesar dos resultados encorajadores, é essencial notar que este é um estudo observacional. Para se obter conclusões definitivas sobre a eficácia destes medicamentos no tratamento do transtorno por uso de álcool, são necessários ensaios clínicos mais detalhados. Além disso, a pesquisa focada no contexto sueco levanta questões sobre a aplicabilidade dos resultados em ambientes variados, mas ela abre portas para novas abordagens terapêuticas a problemas de saúde globais.
