O relatório de emprego dos Estados Unidos (Payroll) mostrou a criação de 143 mil vagas em janeiro, um número abaixo das 170 mil previstas pelos analistas. Apesar da desaceleração na geração de empregos, a taxa de desemprego ficou em 4%, levemente melhor que a estimativa de 4,1%.
Outro ponto de destaque foi a revisão dos dados dos meses anteriores, que indicou um mercado de trabalho mais aquecido do que o inicialmente reportado. Em dezembro, a criação de empregos foi revisada de 256 mil para 307 mil, enquanto novembro passou de 212 mil para 261 mil.
Payroll: salários superam expectativas
Embora o crescimento do emprego tenha vindo abaixo do esperado, os salários surpreenderam. O salário médio por hora trabalhada subiu 0,48% na comparação mensal, superando a previsão de 0,3%. Na base anual, a alta foi de 4,06%, acima da projeção de 3,8%.
Cenário ruim para o FED:
Para Fabio Fares, especialista em análise macro, os dados do Payroll de janeiro apresentam um cenário desafiador para o Federal Reserve (Fed). Apesar da criação de vagas abaixo do esperado, a revisão altista dos números anteriores em 100 mil empregos e o crescimento dos salários acima das projeções indicam uma economia ainda aquecida. “Com mais dinheiro no bolso da população e o mercado de trabalho resiliente, não há muito espaço para pensar em cortes de juros no curto prazo”, avalia Fares. Na visão do especialista, um primeiro corte na taxa de juros pode ocorrer entre junho e agosto, mas os números atuais sugerem que essa decisão pode ser ainda mais tardia, caso a inflação continue pressionada pelo aumento da renda e do consumo.
Já o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, destacou que o impacto de novas tarifas comerciais impostas por Donald Trump pode agravar a inflação, afastando a possibilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed). Segundo ele, apenas as taxações sobre Canadá, México e China poderiam adicionar entre 0,5 e 0,8 ponto percentual à inflação, tornando o cenário ainda mais desafiador para o banco central americano.