O real brasileiro enfrenta uma desvalorização histórica em 2024, acumulando perda de 21,5% no ano, segundo o índice Ptax — referência para contratos internacionais em reais. Este cenário coloca a moeda no quinto pior desempenho dos últimos 24 anos, um patamar que revive a tensão econômica vivida no auge da pandemia de Covid-19.
Na última terça-feira (17), o dólar chegou a R$ 6,20, mas perdeu fôlego e encerrou o dia a R$ 6,09, mesmo assim marcando nova máxima histórica. O resultado reflete o crescente temor com as contas públicas e a falta de clareza no ajuste fiscal do país.
Crises e desvalorizações: o histórico do real
Desde o início do século, o real passou por 15 anos de desvalorização em relação ao dólar, com apenas 10 períodos de recuperação. No auge da pandemia, a desvalorização superou os 20%, nível próximo ao atual. O cenário preocupa o mercado financeiro, pois indica instabilidade persistente e eleva as projeções de inflação e juros.
O que explica a disparada do dólar?
A escalada do dólar frente ao real tem como pano de fundo:
- Preocupação fiscal: o mercado demonstra receio com o desequilíbrio das contas públicas brasileiras.
- Fuga de investidores estrangeiros: a insegurança afasta investimentos e pressiona o câmbio.
- Cenário global: juros altos nos Estados Unidos atraem capital para a maior economia do mundo, desfavorecendo moedas emergentes.
Para analistas, a combinação desses fatores coloca o real como uma das moedas emergentes mais vulneráveis do ano.
Especialistas apontam que, sem medidas concretas para o ajuste fiscal e controle da dívida pública, o real deve continuar pressionado. Além disso, a volatilidade global e a percepção de risco no Brasil aumentam a expectativa de que o dólar permaneça próximo aos R$ 6,00 no curto prazo.