Na manhã desta terça-feira, o dólar à vista registrou alta de 1,08%, sendo negociado a R$ 6,158 às 10h16. Esse movimento amplia a forte valorização observada na segunda-feira, quando a moeda fechou a R$ 6,092 — o maior valor nominal da história. Apesar dos leilões diários realizados pelo Banco Central, a preocupação com o cenário fiscal brasileiro é o principal fator por trás da alta.
Cenário fiscal e a pressão sobre o real
O pessimismo com a política fiscal ganhou força após a divulgação da ata do Copom, que reforçou sinais de deterioração em variáveis como inflação, câmbio e expectativas do mercado.
A reunião do Comitê de Política Monetária na semana passada decidiu elevar a Selic em 1 ponto percentual, alcançando 12,25% ao ano. O Banco Central também indicou mais aumentos de juros em 2025. Segundo o documento, a percepção dos investidores sobre as políticas fiscais do governo afetou os preços dos ativos e elevou o prêmio de risco.
Intervenção do Banco Central: Leilão não alivia o mercado
Em resposta à volatilidade, o Banco Central realizou mais um leilão de dólares à vista, vendendo US$ 1,272 bilhão a uma taxa de R$ 6,1005. Este foi o terceiro leilão consecutivo, mas a intervenção não foi suficiente para conter a pressão sobre o câmbio. Momentaneamente, o dólar chegou a tocar a mínima de R$ 6,0964, mas voltou a subir minutos depois.
Os investidores seguem atentos à votação do pacote de corte de gastos do governo, que precisa ser aprovado até sexta-feira, antes do recesso parlamentar.
Entre os principais entraves estão:
- Ausência do presidente Lula das articulações, devido à recuperação de uma cirurgia;
- Debate sobre o pagamento de emendas parlamentares.
No exterior, os investidores aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira. A expectativa é de uma redução de 0,25 ponto percentual nos juros americanos. A divulgação das projeções do Fed será fundamental para definir os rumos do dólar, com impactos diretos nos mercados globais.
Cotações do dólar hoje
- Dólar comercial
- Compra: R$ 6,157
- Venda: R$ 6,158
- Dólar turismo
- Compra: R$ 6,103
- Venda: R$ 6,283
O comportamento do dólar nos próximos dias dependerá da aprovação do pacote fiscal e da postura do Banco Central em relação à política monetária. Além disso, o cenário externo é um fator relevante. Um sinal de postura mais agressiva do Fed pode gerar uma nova rodada de valorização da moeda americana.