Um estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) acendeu o alerta: o chamado tarifaço imposto pelos Estados Unidos pode provocar perdas bilionárias no PIB brasileiro e afetar centenas de milhares de empregos. Em números, a estimativa é de uma perda de R$ 25,8 bilhões, mesmo com exceções. Em um cenário mais prolongado, o impacto pode chegar a R$ 110 bilhões, atingindo em cheio a indústria nacional.
Um dos setores mais afetados é a indústria química, que representa 11% do PIB industrial brasileiro e tem grande peso nas exportações atingidas pelas tarifas. Para tentar conter os danos, o setor aposta na aprovação do PRESIQ — Programa Especial de Sustentação da Indústria Química, que tramita na Câmara dos Deputados e pode ser votado nas próximas semanas.
O deputado Alexandre Lindenmeyer defendeu a urgência de uma resposta institucional à crise. “Temos hoje a indústria química como a quarta colocada em âmbito global. Isso é motivo de orgulho, mas também nos desafia. Precisamos dar sustentação econômica a esse setor estratégico, pelos milhões que emprega, pelos impostos que arrecada e pela soberania tecnológica que representa”, afirmou.
Já o deputado Reimont (PT-RJ) destacou o papel da indústria química em uma agenda moderna de sustentabilidade. “A Câmara tem a responsabilidade de avançar com esse projeto. Produzir no Brasil é estar alinhado ao que o mundo espera: uma transição energética responsável. O PRESIQ é uma resposta para fortalecer a indústria e promover uma cooperação internacional baseada em produção verde”, defendeu.
A Abiquim estima que a aprovação do programa possa gerar até R$ 112 bilhões em impacto positivo no PIB e criar 1,7 milhão de empregos diretos e indiretos. Mas, para isso, o setor cobra condições mínimas de competitividade: energia e insumos mais baratos e uma política industrial de longo prazo.
“O setor está altamente desafiado. Precisamos reforçar o PIB industrial e garantir acesso competitivo a energia e insumos. A sustentabilidade da nossa indústria química é a maior vantagem que temos hoje”, concluiu Reimont.
Para Marcelo Pimentel, gerente de Relações Governamentais da Abiquim, o Presiq é uma resposta estratégica às mudanças trazidas pela reforma tributária. “O Presiq olha para a química atual e com base na reforma tributária, no que vem de alterações pro setor ele endereça um pacote de estímulos amparado na sustentabilidade com uso de bioinsumos, de bioprodutos, investimentos em pesquisas para trazer pro presente a química do futuro”
Com o tarifaço em vigor e um cenário geopolítico adverso, o Brasil se vê pressionado a reagir com estratégia e visão de futuro antes que parte da sua base produtiva se desfaça.
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