O Brasil está enfrentando a mais severa seca dos últimos 70 anos, o que pode intensificar o aumento de alimentos no país. Projeções do Índice Integrado de Seca (IIS) sugerem que diversas regiões podem sofrer ainda mais com a estiagem, com algumas cidades já enfrentando o problema por 12 meses consecutivos, conforme o monitoramento do CEMADEN/MCTI.
A situação também está gerando um aumento nos preços dos alimentos, com as queimadas afetando áreas agrícolas e pecuárias essenciais para a produção. Em agosto, 963 municípios relataram que pelo menos 80% de suas áreas agropecuárias estão potencialmente comprometidas.

Perspectivas para a Produção Agrícola em 2024
O IBGE apontou que a previsão para a colheita de cereais, leguminosas e oleaginosas em agosto de 2024 é de 296,4 milhões de toneladas, marcando uma queda de 6,0% em comparação com 2023. Além disso, houve uma redução de 0,6% na produção em relação ao mês de julho.
Como a Crise Climática Afeta o Aumento dos Alimentos?
O setor agrícola brasileiro está intimamente ligado à estabilidade climática. Fenômenos climáticos extremos, cada vez mais frequentes, intensificam a inflação causada por choques na oferta, onde a escassez de produtos eleva os preços. Esse tipo de inflação é difícil de controlar apenas com ajustes nas taxas de juros.
A revisão das expectativas de inflação para este ano está fortemente influenciada pelo aumento de alimentos. Após os danos das chuvas no Sul do país, esperava-se que a inflação alimentar chegasse a quase 5%. No entanto, agora a previsão é de uma alta mais modesta, em torno de 3%.
Aumento de Alimentos e Etanol Impactam a Economia
O Sudeste, que responde por 64,2% da produção de cana no Brasil, está enfrentando um aumento nos preços dos alimentos devido à seca severa e às queimadas que afetaram o interior de São Paulo. Segundo o balanço da CONAB, a produção de cana na região está projetada para 442,8 milhões de toneladas, com uma queda significativa de 27,22% na capital paulista. A redução também deve impactar o Sul, com uma projeção de 34,21 milhões de toneladas.
Impacto nos Preços do Açúcar
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) relata que os preços do açúcar cristal branco estão subindo. Entre 2 e 6 de setembro, a média do Indicador CEPEA/ESALQ foi de R$ 136,47 por sacaria de 50 kg, representando um aumento de 4,02% em comparação ao período anterior.
Na quinta-feira (12), os preços do açúcar na ICE (Intercontinental Exchange) subiram, influenciados por dados negativos do Brasil, o maior produtor mundial. De acordo com a Reuters, o açúcar bruto de outubro teve uma alta de 0,34 centavo, ou 1,8%, alcançando 19,07 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o açúcar branco subiu 2,1%, chegando a 540,10 dólares por tonelada.
Impacto no Etanol e na Economia
O aumento de alimentos causado pela escassez de cana-de-açúcar pode impactar diretamente o custo do açúcar, etanol e álcool anidro, que é adicionado à gasolina. Essa situação pode provocar uma alta nos preços da gasolina e do etanol, que é uma alternativa de combustível. A Conab prevê uma redução de 4,1% na produção de etanol, estimada em 28,47 bilhões de litros.
O Bank of America projeta que os preços do etanol devem subir cerca de 10% adicionais até o final de 2024/25, devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda, mesmo após uma alta acumulada de 35% no ano até agora.
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