Rebeca Andrade brilha nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, tornando-se a maior medalhista olímpica da história do Brasil. A ginasta surpreendeu não só pelos seus feitos, mas também pelo modo descontraído com que fala sobre coisas triviais, como receitas culinárias e séries de TV, antes de suas grandes apresentações.
Este comportamento aparentemente descontraído atraiu atenção e se tornou um meme, mas também abriu uma discussão importante: como a atitude de Rebeca pode ser um exemplo positivo no campo da psicologia esportiva e da saúde mental? Tanto especialistas quanto psicólogos esportivos acreditam que isso oferece uma lição valiosa.
A importância da saúde mental no esporte
Para entender como os atletas lidam com o estresse e a pressão, é crucial analisar a evolução do papel dos competidores ao longo da história dos Jogos Olímpicos. Segundo a psicóloga Katia Rubio, da Universidade de São Paulo (USP), os atletas modernizaram seu comportamento ao longo dos anos, evoluindo de “máquinas de resultados” para indivíduos conscientes de sua saúde mental e emocional.
No início, entre 1896 e 1914, os atletas eram pouco mais do que curiosidades esportivas. Com o tempo e com os eventos marcantes como a Guerra Fria, a perspectiva mudou, e os atletas começaram a ser vistos como símbolos nacionais e, posteriormente, como protagonistas de um grande espetáculo global. Parece que a atual era, pós-2016, marca um novo capítulo de empoderamento entre os atletas.
Como os atletas controlam as emoções antes das competições?
A psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Fernanda Faggiani, explica que a chave para um bom desempenho muitas vezes reside em técnicas psicológicas como o autoconhecimento e a autorregulação emocional. Os atletas são treinados a se concentrar no presente e diferenciar o que podem e não podem controlar.
Entre as técnicas mais comuns estão exercícios de respiração, controle da ansiedade e visualização de cenários ideais. Essas ferramentas ajudam os competidores a manter o foco e, ao mesmo tempo, gerenciar o estresse.
Afinal, quais são os atributos de um campeão?
Uma pesquisa de diversos estudos canadenses revelou que os principais atributos de um atleta bem-sucedido incluem motivação, confiança e resiliência. Estes fatores são considerados habilidades fundamentais para qualquer esportista de elite.
- Motivação: As razões para buscar determinado objetivo.
- Confiança: A crença na própria capacidade de realizar determinada ação.
- Resiliência: A capacidade de superar adversidades.
Além dessas competências centrais, também são importantes a autorregulação emocional, o controle de atenção e as habilidades interpessoais, como bom relacionamento com treinadores e trabalho em equipe.
O que podemos aprender com os atletas olímpicos?
As lições que atletas de nível olímpico nos oferecem vão além das conquistas esportivas. Katia Rubio destaca três aprendizados fundamentais:
- Motivação Diária: A importância de ter prazer no que se faz, como os atletas que se levantam todos os dias para treinar buscando o melhor de si mesmos.
- Disciplina: A capacidade de planejar e seguir um rigoroso cronograma de treinamento.
- Aprender com as Derrotas: Reconhecer que a derrota faz parte do processo e é uma oportunidade para crescimento e aprendizado.
Exemplos de atletas como Rayssa Leal, Rebeca Andrade e Gabriel Medina mostram que o apoio psicológico pode ser determinante para manter a saúde mental e o desempenho esportivo em alto nível.
