No Brasil, o governo está preparando um novo projeto de lei para reformular as regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas). Este benefício prevê o pagamento de um salário mínimo mensal (R$ 1.412 em 2024) para idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência, ambos de baixa renda. No entanto, a estrutura atual está sob escrutínio devido a suspeitas de irregularidades e um aumento significativo nos gastos.
O governo pretende alinhar as regras de adesão e permanência do BPC ás do programa Bolsa Família, fortalecendo o controle sobre a concessão e manutenção do benefício. Para tanto, será implementado um sistema de cruzamento mensal de dados, uma mudança que permitirá verificar continuamente as condições de elegibilidade dos beneficiários.
Quais são as Novas Propostas do Projeto de Lei?
Uma das principais alterações propostas é a introdução de uma prova de vida anual baseada em reconhecimento facial e biometria. Além disso, os beneficiários terão a opção de atualizar seus dados via aplicativo de celular ou nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Estas medidas são parte de um esforço para evitar fraudes e garantir que apenas aqueles que realmente precisam tenham acesso ao benefício.
Apesar dessas propostas ainda não terem sido formalmente apresentadas ao Congresso Nacional, o governo já iniciou uma reavaliação cadastral que começou em agosto de 2024. Até o momento, centenas de milhares de beneficiários foram convocados para atualizar ou fazer seu cadastro no CadÚnico, essencial para o recebimento do BPC.
Por que o BPC Enfrenta Suspeitas de Irregularidades?
O aumento no número de concessões do BPC e o consequente aumento dos gastos, que subiram 19,8% em comparação com o ano anterior, chamaram a atenção do governo para possíveis irregularidades. Em 2024, as despesas com esse benefício chegaram a R$ 44,076 bilhões apenas no primeiro semestre. Essa tendência acendeu um alerta para possíveis fraudes, estimadas em 30% pela área econômica do governo.
Somente na última semana, cerca de 400 mil beneficiários tiveram seus pagamentos bloqueados por não estarem cadastrados no CadÚnico. Outros 380 mil, que estão cadastrados, mas não atendem aos critérios de renda, também serão bloqueados em breve.
Como as Reformas no BPC/Loas Podem Impactar os Beneficiários?
Especialistas indicam que as reformas estão alinhadas com a necessidade de um sistema mais robusto para evitar fraudes. Contudo, há preocupações com o limite de renda de um quarto de salário mínimo como critério de elegibilidade, o que pode excluir pessoas em situação financeira precária que ligeiramente ultrapassam esse valor. Muitos, nessa circunstância, acabam buscando a Justiça para reivindicar o benefício com base em despesas não reconhecidas oficialmente.
Os desafios incluem não apenas a identificação de fraudes, mas também a atualização dos sistemas utilizados nos CRAS, onde as dificuldades são frequentes. As mudanças propostas visam tornar as revisões mais regulares e efetivas, algo que o INSS tem historicamente enfrentado dificuldades para conduzir de maneira eficiente.
O Papel dos Ministérios na Implementação das Novas Regras
A discussão em torno das novas regras para o BPC/Loas envolve os Ministérios do Desenvolvimento Social (MDS) e da Previdência Social (MPS). Enquanto o MDS é responsável pela administração do CadÚnico, o MPS, através do INSS, cuida das avaliações médicas e sociais necessárias para a concessão e manutenção do benefício. Assim, o projeto de lei atual em análise busca estabelecer um equilíbrio entre a proteção social e a sustentabilidade fiscal dos benefícios oferecidos à população mais vulnerável.