Nos últimos anos, o aumento de chamadas de spam se transformou em um grande desafio para a população brasileira. Em 2025, a popularização de tecnologias avançadas por empresas de telemarketing, cobrança e golpistas potencializou ainda mais essa prática, tornando a situação especialmente preocupante. O uso generalizado de inteligência artificial nesses sistemas de discagem automática modificou drasticamente a dinâmica das interações telefônicas não solicitadas.
Para muitos, parece instintivo desligar rapidamente ao receber uma ligação de origem duvidosa. No entanto, especialistas apontam que essa reação pode, inesperadamente, contribuir para o aumento do volume de chamadas recebidas. O comportamento do usuário durante essas ligações passou a ser analisado pelos algoritmos, que detectam sinais de atividade e validez do número, resultando em abordagens ainda mais persistentes das centrais de ligações automáticas.
Por que não desligar logo pode ser mais eficaz?
O simples ato de atender e fechar a chamada imediatamente pode não ser a melhor maneira de lidar com ligações de spam. Isso ocorre porque os sistemas de discagem automática utilizam ferramentas sofisticadas para captar indicadores de números ativos, mesmo com pouca ou nenhuma interação verbal do usuário. Dessa forma, a linha pode ser marcada como um alvo atrativo, garantindo tentativas recorrentes em horários alternados na esperança de contato futuro.
Esses sistemas também são capazes de avaliar o tempo em que o telefone foi atendido e encerrado. Assim, uma chamada interrompida rapidamente pode ser interpretada pela inteligência artificial como um sinal de que há uma pessoa real operando o número, tornando-o ainda mais valioso para as próximas rodadas de ligações automatizadas, muitas vezes vindas de números diferentes. Assim, o hábito de desligar depressa, em vez de proteger, pode amplificar o problema.
Como funcionam os sistemas automatizados de spam telefônico?
As plataformas de discagem automática empregam uma combinação de recursos para otimizar os resultados das ligações em massa. Entre suas principais estratégias, destaca-se o uso de IA para reconhecer padrões de comportamento dos usuários, analisar respostas verbais e mapear horários de atendimento. O banco de dados dessas empresas é constantemente atualizado, tornando a lista de possíveis vítimas dinâmica e difícil de ser bloqueada por métodos tradicionais.
Além disso, muitos desses sistemas fazem uso de números mascarados ou rotativos, dificultando o bloqueio efetivo. Eles podem redirecionar ligações para parecerem locais — uma tática frequentemente chamada de “número espelho” — elevando as chances de alguém atender sem suspeitar da origem.
Quais estratégias ajudam a se proteger das chamadas de spam?
Manter a privacidade e reduzir as ligações indesejadas exige a adoção de algumas medidas recomendadas por especialistas em segurança digital:
- Evitar atender números desconhecidos: permitir que a ligação siga até a caixa postal impede que o sistema reconheça o número como ativo.
- Silenciar chamadas suspeitas: ao acionar o modo silencioso, nenhum sinal de atividade é enviado ao discador automático.
- Utilizar aplicativos de identificação: apps como Truecaller, Hiya e Whoscall bloqueiam automaticamente ligações identificadas como spam.
- Registrar o número em plataformas anti-spam: iniciativas como o “Não Me Perturbe” e denúncias à Anatel podem limitar algumas fontes dessas chamadas.
- Denunciar números abusivos: reportar práticas indevidas aumenta a fiscalização das operadoras por parte dos órgãos reguladores.
Além dessas práticas, é importante evitar interações ou respostas verbais com vozes automáticas, pois até o simples “alô” pode ser registrado pelo sistema como atividade promissora. O silêncio, embora também analisado, tende a indicar menor potencial de abordagem futura quando a ligação não encontra qualquer interação.
É possível acabar de vez com ligações de spam no Brasil?

Reduzir as chamadas de spam ao mínimo possível depende da combinação de medidas individuais e coletivas. Atualmente, bloquear e denunciar números, registrar a linha em plataformas específicas e recorrer a aplicativos de bloqueio são ações efetivas, mas não eliminam completamente o problema. Isso ocorre porque os sistemas automatizados evoluem constantemente, adotando estratégias cada vez mais eficientes para contornar filtros tradicionais.
O poder público, representado principalmente pela Anatel, vem promovendo regulamentações mais rigorosas visando conter o avanço dessas práticas indesejadas. Medidas como a limitação do uso de discadores automáticos e a obrigatoriedade de identificação de chamadas ativas de telemarketing estão em andamento. Ainda assim, a colaboração dos usuários, por meio de denúncias e adoção de ferramentas adequadas, é essencial para pressionar mudanças de comportamento no setor.
O combate ao spam telefônico demanda vigilância constante e um olhar atento às estratégias tecnológicas dos sistemas de discagem automática. Com pequenas mudanças de hábito e o uso consciente de recursos digitais, é possível minimizar bastante o incômodo das ligações indesejadas, protegendo a privacidade e a tranquilidade no dia a dia.