A polarização política deixou de ser um fenômeno restrito ao debate eleitoral e passou a influenciar diretamente o ambiente corporativo, a trajetória profissional e a forma como marcas se comunicam com seus públicos.
O tema foi debatido no Money Report, da BM&C News, apresentado por Aluízio Falcão, com participação de Lucas de Aragão (Arko Advice), Maria Cândida Baumer (People & Results) e Maurício Okubo (Julio Okubo).
Além da polarização política: clima, cultura e propósito entram no centro da discussão
Para Maria Cândida Baumer, entender a diferença entre clima, cultura e propósito é fundamental. O clima reflete o “humor” da empresa, a cultura representa sua personalidade e o propósito explica o porquê da organização existir.
Em ambientes contaminados pela polarização política, a ausência de diálogo sobre temas sensíveis pode minar a cultura e reduzir a capacidade de questionamento dentro das equipes.
Segundo a executiva, quando opiniões divergentes são silenciadas, o pensamento crítico é substituído por conformismo. Em um cenário de avanço acelerado da tecnologia e da inteligência artificial, a capacidade humana de questionar, analisar variáveis e ampliar repertório passa a ser um diferencial competitivo.
“Quando a empresa evita o debate, ela perde visão e capacidade de adaptação”, afirmou Baumer.
Polarização política como estratégia eleitoral
Lucas de Aragão destacou que a polarização política também é usada de forma estratégica por candidatos e partidos. Diante de altos índices de rejeição, é mais eficiente reforçar a rejeição ao adversário do que tentar construir consenso.
As redes sociais intensificam esse processo ao favorecer mensagens rápidas, simplificadas e emocionalmente carregadas, em detrimento da reflexão.
Para Aragão, o excesso de informação cria um paradoxo: quanto mais conteúdo circula, menor é a capacidade de aprofundamento.
“Esse ambiente favorece posições binárias, “contra ou a favor”, e reforça bolhas de opinião, tanto na política quanto no mundo corporativo, dificultando decisões equilibradas e diálogo produtivo“, destaca.
Consumo, tradição e inovação em um mundo polarizado
Ao levar o debate para o mercado de luxo, Maurício Okubo afirmou que o desafio das empresas familiares está no equilíbrio entre tradição e inovação. Segundo ele, preservar o DNA da marca, os valores construídos ao longo de gerações e o trabalho artesanal não significa rejeitar mudanças, mas incorporá-las de forma coerente com a história da companhia.
Nesse contexto, o executivo destacou que o comportamento do consumidor tem migrado para um consumo mais simbólico, no qual experiência, significado e propósito ganham mais relevância do que o produto em si. Em um ambiente de polarização política, marcas com identidade clara, coerência de valores e visão de longo prazo tendem a se diferenciar por oferecerem consistência em meio ao ruído e à disputa de narrativas.
“As pessoas estão caminhando para um lugar mais do ser e menos do ter. A joia precisa representar um momento, um valor, algo que faça sentido”, afirmou Okubo.













