O pregão desta quarta-feira (29), começa com um pano de fundo relevante para juros, câmbio e bolsa. O mercado aponta probabilidade de 99,5% para um corte de 25 pontos base pelo Federal Reserve, o que levaria a taxa americana para a faixa de 3,75% a 4,00%, configurando o segundo ajuste consecutivo. Mesmo com o apagão de dados decorrente do shutdown, que travou a divulgação do payroll, do PCE e do PIB do terceiro trimestre, os investidores entendem que a prioridade do banco central passou a ser o emprego.
A reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, marcada para amanhã na Coreia do Sul, adiciona um vetor de apetite a risco, com possibilidade de avanço comercial que inclui a redução pela metade das tarifas de 20% sobre insumos químicos ligados ao fentanil e a retomada das compras de soja pelos chineses. Enquanto isso, no Brasil, a agenda fiscal permanece no centro do radar com desmembramento da MP do IOF em projetos que tratam de regularização patrimonial, tributação de bets e cripto e um teto para subsídios no setor elétrico.
O que muda com o corte do Fed
A MSX avalia que a virada de postura desde o simpósio de Jackson Hole marca um ponto de inflexão. O corte de hoje parece amplamente precificado, porém a fala de Jerome Powell deve calibrar apostas para uma nova redução em dezembro. Além disso, há especulações sobre o encerramento do programa de redução de balanço, sinal que seria interpretado como política mais expansionista, o que tende a aliviar condições financeiras e sustentar ativos de risco.
Para os mercados globais, um ciclo de flexibilização coordenado tende a reduzir a volatilidade das curvas de juros e favorecer setores sensíveis a custo de capital. Por outro lado, qualquer tom mais cauteloso do Fed pode limitar a extensão do rali recente e exigir reprecificação de cortes ao longo de 2026, preservando a seletividade setorial.
Além do Fed: Trump e Xi elevam o otimismo comercial
A possibilidade de redução das tarifas sobre insumos químicos chineses atrelados ao fentanil e o reforço no controle de exportações por Pequim criam condições para distensionar cadeias produtivas e suavizar pressões de custos. Além disso, a retomada de compras de soja pelos chineses tende a melhorar o humor nos mercados agrícolas e reabrir espaço para commodities emergentes. “O complexo de grãos brasileiro pode se beneficiar com ganho de competitividade em meio à reacomodação de fluxos globais“, destaca a MSX.
Reaproximação Brasil e Estados Unidos ganha tração
O Senado americano aprovou resolução que revoga o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros com apoio de parte dos republicanos. Apesar do caráter simbólico, o tema deve permanecer parado na Câmara até 2026. “A MSX entende que o movimento indica espaço bipartidário para moderação do protecionismo, o que favorece o Brasil em negociações futuras e pode atrair fluxo para ativos locais“, destaca.
Outros destaques além do Fed:
- O ministro Fernando Haddad confirmou que conteúdos da MP do IOF serão redistribuídos em novos projetos que tratam de regularização patrimonial, aumento de tributação sobre bets e cripto e criação de teto para subsídios no setor elétrico. Além disso, a recomposição fiscal segue como pilar da política econômica ao buscar coerência orçamentária e redução do risco. Se aprovadas, as medidas podem ajudar a consolidar o câmbio em patamares mais estáveis.
- O relator Eduardo Braga manteve em seu parecer o teto para subsídios nas tarifas de energia, vinculando a referência ao orçamento de 2025 da CDE de R$ 50 bilhões. A decisão melhora a previsibilidade regulatória, reduz o impacto tarifário sobre a inflação e é vista como positiva para distribuidoras e investidores de utilities, ao favorecer um ambiente de retorno mais estável.
Santander puxa a temporada com números sólidos
O Santander Brasil reportou lucro líquido gerencial de 4,0 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta de 9,6% na base trimestral e de 9,4% em doze meses, desempenho marginalmente acima do esperado pela MSX. O ROE atingiu 17,5%, avanço de 1,2 ponto percentual no trimestre, sustentado por expansão de comissões, controle de despesas e leve melhora na inadimplência de curto prazo. Veja mais análise sobre o resultado de Santander clicando aqui.
Nubank assume a liderança em valor de mercado
O Nubank atingiu valor de mercado de 76,9 bilhões de dólares e ultrapassou a Petrobras, que soma 74,5 bilhões de dólares. A MSX avalia que o movimento reflete ambiente global mais benigno, ciclo de juros em queda e otimismo corporativo. Trata se de um símbolo do avanço do setor financeiro digital no país e de um novo ciclo de valorização das empresas de tecnologia, o que amplia alternativas para alocação temática em growth com diversificação setorial. Leia mais clicando aqui.
Prio fortalece a estrutura de capital
O conselho da Prio aprovou aumento de capital de R$ 2 bilhões, para R$ 15,73 bilhões, por meio de capitalização da reserva de investimentos. A operação é contábil e não altera o número de ações nem traz novos recursos para o caixa, mas reforça a posição financeira frente às obrigações ligadas aos campos de Peregrino e Pitangola e dá sustentação a projetos de desenvolvimento e manutenção dos demais ativos em produção.
Agenda e termômetro de mercado:
- Fed decisão às 15h com foco no comunicado e na coletiva de Powell
- Trump e Xi encontro amanhã com potencial impacto sobre comércio e commodities
- Ibovespa fechou em 147.062 pontos com alta de 0,12% e apoio de balanços e cortes de juros
O conjunto de sinais globais e domésticos segue favorável ao apetite por risco, com o corte do Fed no centro do pricing e a temporada de resultados oferecendo gatilhos micro relevantes. Além disso, a âncora fiscal em Brasília e o avanço regulatório no setor elétrico ajudam a conter prêmios de risco. A MSX vê espaço para continuidade do movimento, mas reforça a importância de seletividade, disciplina de preço e atenção às mensagens que virão do comunicado do Fed e da coletiva de Powell.