O resultado do IPCA de setembro trouxe um leve alívio ao mercado. O índice registrou alta de 0,48%, abaixo da expectativa de 0,52%, segundo dados do IBGE. Essa surpresa positiva foi destacada por Salomão Menezes, da Fami Capital, que apontou reflexos imediatos na curva de juros e na percepção de risco inflacionário. No entanto, o impacto na renda fixa ainda exige uma análise cautelosa.
De acordo com o economista, embora o dado de setembro indique moderação, os núcleos da inflação continuam em patamar elevado, o que impede uma trajetória consistente de desinflação. Nesse contexto, a atenção dos investidores se volta para o comportamento da política monetária e fiscal nos próximos meses.
Quais fatores estão influenciando os juros?
O principal componente que pressionou o índice no mês foi o aumento da conta de luz, que subiu mais de 10% com o fim do bônus de Itaipu. Mesmo assim, há expectativa de alívio para outubro, impulsionada pela redução da bandeira tarifária. Essa mudança deve contribuir para uma leitura mais favorável da inflação no curto prazo.
Enquanto isso, a curva de juros reflete um otimismo moderado, com leve compressão nas pontas curtas. Segundo Menezes, “a leitura do mercado ainda é de cautela, já que o ambiente fiscal e o ritmo da atividade podem inverter essa tendência rapidamente”.
Qual é a perspectiva para a inflação?
Os dados recentes sugerem uma inflação mais controlada no curto prazo, mas o especialista alerta que o cenário segue delicado. “O impacto é limitado e o carrego dos títulos indexados à inflação está abaixo do CDI, o que diminui a atratividade no momento”, explica Menezes.
O mercado revisou as projeções para 2025, reduzindo a expectativa de 4,80% para 4,72%. Mesmo assim, a taxa continua acima do teto da meta, o que reforça a necessidade de vigilância do Banco Central. Por outro lado, a melhora recente pode dar espaço para ajustes graduais na política monetária, desde que o quadro fiscal não se deteriore.
Quais são os riscos para os investidores?
Apesar do alívio pontual, o cenário global e doméstico ainda carrega riscos relevantes. Mudanças inesperadas nas políticas fiscais, surpresas no câmbio ou choques externos podem interromper a trajetória de desinflação. “Os investidores precisam acompanhar a consistência dos dados e não se guiar apenas por um mês de alívio”, destaca Menezes.
Além disso, o ritmo das contas públicas e a política de preços administrados seguem como variáveis-chave. Qualquer sinal de desequilíbrio pode se refletir em reprecificação da curva e volatilidade nos ativos de renda fixa.
Como ajustar a estratégia de investimento?
Em um ambiente de juros ainda elevados, a diversificação é essencial. Investidores podem buscar uma combinação entre ativos pós-fixados e indexados à inflação, conforme o horizonte de investimento e o perfil de risco. “Mesmo com a expectativa de desinflação, é prudente manter proteções contra a volatilidade”, orienta o economista.
- Acompanhar a evolução do IPCA e seus núcleos para avaliar tendências;
- Monitorar decisões do Banco Central e projeções do Focus;
- Ajustar prazos dos títulos conforme o movimento da curva de juros;
- Reavaliar alocações diante de possíveis mudanças na política fiscal.
O que esperar do cenário econômico?
O ambiente macroeconômico ainda exige prudência. A melhora recente da inflação é positiva, mas insuficiente para alterar de forma estrutural a percepção de risco. A política monetária deverá seguir em modo vigilante, especialmente enquanto os núcleos permanecerem acima do ideal.
Para os próximos meses, o equilíbrio entre política fiscal responsável, inflação sob controle e juros mais previsíveis será determinante para sustentar a confiança do investidor e a estabilidade da renda fixa no país.
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