As projeções do mercado financeiro para a economia brasileira tiveram poucos ajustes na última semana, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (1º). As estimativas para inflação e juros apresentaram pequenas revisões, enquanto o crescimento do PIB foi mantido em grande parte dos horizontes analisados.
Inflação tem nova redução para 2025 e 2026, segundo Focus
A expectativa para o IPCA de 2025 caiu pela terceira semana consecutiva, passando de 4,45% para 4,43%. Para 2026, a projeção também recuou, de 4,18% para 4,17%. Nos anos seguintes, as medianas seguiram estáveis: 3,80% em 2027 e 3,50% em 2028.
A inflação de preços administrados subiu para 5,18% em 2025, enquanto permaneceu inalterada nos demais anos projetados.
O que diz o especialista
Para o economista Maykon Douglas, a mediana das expectativas para 2025 e 2026 caíram levemente. “O IPCA-15 referente a novembro apresentou uma composição benigna e reforça que, embora os núcleos estejam acima da meta, eles estão mais comportados do que há algum tempo.“, destaca.
O economista destaca que os serviços intensivos em trabalho aceleraram para 7% na média anualizada e dessazonalizada dos últimos três meses. “É um patamar alto, que mostra como o mercado de trabalho segue apertado. À medida que o emprego perde o ritmo, como começamos a observar nas últimas sondagens, podemos esperar uma inflexão nessa métrica de preços. De todo modo, a inflação como um todo vem melhorando“, avalia.
No entanto, Douglas lembra que as expectativas mais longas, 2027 e 2028, estão paradas há quatro semanas. “Talvez a percepção fiscal, leia-se, uma possível antecipação de algum estresse em razão do ano eleitoral, esteja contaminando o número, haja vista que o BC em si tem se mostrado bastante firme em sua comunicação“, destaca. O economista reforça que é essencial que essas expectativas voltem a cair, pois são elas que mais importam para a política monetária.
Focus: PIB e Selic
O mercado manteve as projeções de crescimento econômico para 2025 e 2026 em 2,16% e 1,78%, respectivamente. Em 2027, houve leve redução de 1,88% para 1,83%, enquanto a expectativa para 2028 permaneceu em 2,00%.
A taxa básica de juros não teve mudanças para 2025, 2026 e 2027, permanecendo em 15%, 12% e 10,50%, respectivamente. Para 2028, houve nova redução, com a mediana passando de 9,75% para 9,50%.
Câmbio e IGP-M
As projeções para o dólar ficaram estáveis em todos os anos analisados: R$ 5,40 (2025) e R$ 5,50 (2026, 2027 e 2028).
O IGP-M de 2025 foi revisado de -0,41% para -0,57%, enquanto as projeções para 2026 e 2027 continuaram em 4,00%. Para 2028, houve leve alta de 3,80% para 3,85%.
Contas externas têm novas revisões para baixo
O mercado reduziu as projeções de déficit em conta corrente para todos os anos:
- 2025: -72,60 bilhões
- 2026: -65,39 bilhões
- 2027: -62,55 bilhões
- 2028: -64,10 bilhões
Na balança comercial, as estimativas diminuíram para 2026, 2027 e 2028, mas subiram para 2025, alcançando US$ 62,85 bilhões.
O investimento direto no país (IDP) subiu para US$ 73 bilhões em 2025, permaneceu estável em 2026 e recuou para US$ 73,50 bilhões em 2027. Para 2028, a projeção seguiu em US$ 75 bilhões.
Dívida pública e resultados fiscais têm ajustes marginais
A dívida líquida do setor público ficou estável para 2025 e avançou nos anos seguintes, alcançando:
- 70,20% do PIB em 2026
- 73,80% do PIB em 2027
- 76,00% do PIB em 2028
O resultado primário permaneceu inalterado até 2027, enquanto para 2028 houve melhora marginal, de -0,15% para -0,13%.
Já o resultado nominal apresentou leve alta para 2025, passando a -8,46%, e revisões negativas para 2026 e 2027.













