O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado a principal prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 0,2% em outubro na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (15). No acumulado do trimestre, o indicador também apresentou recuo de 0,2%, reforçando sinais de perda de fôlego da economia brasileira no segundo semestre.
Na análise trimestral com ajuste sazonal, os dados mostram retração mais acentuada em segmentos relevantes da economia. O IBC-Br da agropecuária caiu 1,9%, enquanto o indicador da indústria recuou 0,8%. O setor de serviços, por sua vez, ficou estável, evitando uma queda mais intensa do índice agregado.
Agro avança no mês, mas indústria e serviços recuam
O recorte mensal dessazonalizado revela um comportamento heterogêneo entre os setores. A agropecuária avançou 3,1% em outubro, revertendo parte das perdas observadas anteriormente. Em contrapartida, a indústria recuou 0,7%, enquanto o setor de serviços registrou queda de 0,2%, indicando arrefecimento da demanda interna.
O desempenho fraco da indústria e dos serviços, responsáveis pela maior parcela do PIB. ajuda a explicar o resultado negativo do IBC-Br no mês, mesmo com a contribuição positiva do setor agropecuário.
Fazenda projeta desaceleração do PIB em 2025
Apesar da leitura mais fraca da atividade recente, o Ministério da Fazenda mantém a projeção de crescimento do PIB de 2,2% em 2025. Caso o número se confirme, a economia brasileira deve apresentar uma desaceleração em relação a 2024, quando o crescimento foi estimado em 3,4%.
Na avaliação da equipe econômica, o principal fator por trás da perda de dinamismo é o nível elevado da taxa básica de juros. A Selic está em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, o que encarece o crédito, reduz o consumo e limita os investimentos produtivos.
Juros elevados seguem como freio da atividade
Com a política monetária ainda restritiva, analistas avaliam que a economia deve seguir operando em ritmo mais moderado nos próximos meses. A manutenção da Selic em níveis elevados tende a preservar o processo de desinflação, mas impõe custos relevantes sobre a atividade econômica, especialmente nos setores mais sensíveis ao crédito.
O comportamento do IBC-Br nos próximos meses será acompanhado de perto pelo mercado, uma vez que pode influenciar as expectativas para o crescimento do PIB e o espaço para ajustes na política monetária ao longo de 2025.
Análise do IBC-BR
Na avaliação de Leonardo Costa, economista do ASA, o resultado do IBC-Br de outubro reforça a leitura de perda de tração da atividade econômica no início do quarto trimestre. Segundo ele, apesar de indicadores antecedentes do IBGE, como comércio e serviços, terem mostrado variações positivas no período, o IBC-Br aponta queda moderada da atividade na margem, com retração de 0,25% e média móvel trimestral ainda negativa.
“A leitura sugere um ritmo mais fraco de crescimento, compatível com o cenário de desaceleração observado ao longo do segundo semestre. Esse movimento sustenta a projeção de PIB próximo de zero no quarto trimestre de 2025, em linha com um ambiente de juros elevados e menor impulso da demanda doméstica“, avalia.











