Nesta quinta-feira (28), a moeda norte-amerigana abriu em disparada, chegando aos R$ 5,97, com o mercado reagindo ao anúncio na véspera do pacote de medidas de contenção de gastos pelo governo, que veio acompanhando de um projeto de reforma do Imposto de Renda.
No entando, a possível chegada do dólar aos R$ 6 se deve a uma série de fatores. Vale lembrar que a moeda norte-americana começou 2024 cotado a R$ 4,94, com previsões otimistas de que a moeda norte-americana fecharia o ano em R$ 4,92, segundo o Boletim Focus
Em suma, para diversos economistas, essa alta da moeda reflete fatores, como por exemplo um mercado de trabalho brasileiro super-aquecido. Neste ambiente, a transmissão dos preços de produtos dolarizados ao consumidor final é potencializada. Dessa forma, o trabalho do Banco Central (BC) de controlar a inflação seria naturalmente mais difícil e eventualmente exigiria uma política monetária mais apertada, assim que o BC perceber que estes aumentos de preços se disseminam para outros segmentos.
O real perde força: o que isso significa para o bolso?
A desvalorização do real em relação ao dólar afeta diretamente os preços de produtos e insumos no Brasil, tornando itens importados mais caros. Isso vai desde roupas e eletrônicos até matérias-primas como trigo, combustíveis e fertilizantes.
Segundo análise de Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, se a taxa de câmbio chegar a R$ 6,00, os impactos seriam principalmente na inflação: preços industriais e de alimentação no domicílio seriam os primeiros afetados. “Algumas indústrias em competição direta com importados seriam favorecidas, assim como a agropecuária. O impacto sobre a atividade, contudo, demoraria para se materializar”, explicou o economista.
Isso porque, mesmo os produtos fabricados no Brasil sentem o impacto. Mercadorias como soja, milho, carnes e café são precificadas em dólar e, com a moeda americana valorizada, os produtores tendem a priorizar exportações, reduzindo a oferta no mercado interno e elevando os preços.
Preços no carrinho de compras refletem a alta do dólar
Os dados do IPCA de outubro mostram como a alta do dólar impacta a inflação. Enquanto o índice geral de preços acumula alta de 3,88% em 2024, alguns alimentos tiveram reajustes bem acima desse patamar:
- Carne bovina (patinho): +9,43%
- Arroz: +9,71%
- Café: +29,94%
- Feijão: +11,97%
A pressão não se limita aos alimentos. Combustíveis, eletrodomésticos, roupas e até mesmo viagens internacionais ficam mais caros com o dólar valorizado.