Nesta sexta-feira (09), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho foi de 0,38%, ficando 0,17 ponto percentual acima da taxa registrada em junho (0,21%).
No ano, o IPCA acumula alta de 2,87% e, nos últimos 12 meses, de 4,50%, acima dos 4,23% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a variação havia sido de 0,12%.
Por fim, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta neste mês de julho.
O que dizem os especialistas:
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, comentou sobre a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, que registrou uma alta de 0,38%. O número superou a mediana do mercado, que esperava um aumento de 0,35%, e ficou próximo da projeção da Ativa Investimentos, de 0,37%.
Sanchez destacou que, apesar da diferença mínima entre as expectativas e o resultado final, a análise detalhada do índice revelou desvios mais significativos. “Por um lado, a alimentação no domicílio foi superestimada em 10 pontos base por nós, com serviços e bens industriais compensando grande parte do desvio”, explicou o economista, sinalizando que a abertura dos dados apresentou variações que não eram tão modestas quanto o headline indicava.
Além disso, Sanchez apontou que a composição do índice em julho não foi favorável. “É natural pensar que, além da surpresa altista do headline para o mercado, a composição do índice não foi favorável, com as agregações sensíveis à política monetária, foco de atenção da autoridade monetária, exibindo surpresas altistas.” Essa avaliação sugere que a alta dos preços em itens diretamente influenciados pela política monetária pode gerar preocupações adicionais para o Banco Central.
Apesar dessas observações, Étore Sanchez afirmou que a projeção da Ativa Investimentos para o IPCA em 2024, que está em 4,4%, provavelmente não sofrerá grandes alterações. “Avaliamos preliminarmente que nossa projeção de 4,4% para o IPCA este ano não sofrerá grandes alterações, o que divulgaremos em breve”, concluiu.
Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, avaliou que o resultado do IPCA de julho, com variação de 0,38%, veio em linha com as expectativas do mercado, que projetava um aumento de 0,35%. Segundo Fernandes, não houve grandes surpresas, e o índice de difusão, que indica o percentual de itens que subiram ou caíram de preço, ficou em 47,41%, abaixo do registrado no período anterior.
Para Fernandes, o destaque positivo foi o segmento de alimentos em domicílio, que apresentou uma desaceleração de 1,51%. “A queda nos preços do tomate, batata-inglesa e leite longa vida foi significativa. Esse segmento continua sua trajetória de desaceleração, o que contribui positivamente para o índice e ajuda a amenizar os impactos das tragédias no Rio Grande do Sul”, comentou.
No entanto, o segmento de transportes apresentou um desempenho negativo, com alta de 1,82%, puxada principalmente pelos aumentos nos preços da gasolina, etanol e gás de cozinha. “Além disso, a energia elétrica também teve um impacto negativo, contribuindo para a elevação do IPCA”, acrescentou Fernandes.
De acordo com Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, os serviços subjacentes mostraram uma aceleração prevista, com a média móvel dessazonalizada anualizada passando de 4,17% para 5,44%. Esse movimento reforça a previsão de que a inflação de serviços subjacentes continuará a acelerar no segundo semestre, encerrando o ano em 6,2%, acima da estimativa inicial de 5,6%.
Além disso, o grupo de alimentos in natura apresentou uma deflação significativa, com queda de 8,9% em julho, impulsionada principalmente por itens como tomate e batata. No entanto, espera-se que a alimentação no domicílio reacelere, terminando o ano próximo de 5,2%. Já o grupo de bens industriais, influenciado pela depreciação cambial e a alta nos núcleos dos IGPs, também mostrou aceleração, destacando-se o aumento de 5,20% no etanol e nos automóveis novos. A previsão é que esse grupo encerre 2024 com uma alta de 2,8%, em contraste com 1,1% registrado em 2023.
Para os próximos meses, a Warren Investimentos revisou suas projeções de curto prazo. A expectativa para o IPCA de agosto foi ajustada para -0,09%, levemente acima da previsão anterior de -0,11%, influenciada pelos preços de vestuário e bens duráveis. Já para setembro, a projeção subiu para 0,27%, impulsionada pela alta nos preços de automóveis novos, que compõem o grupo de bens duráveis. Essas revisões indicam que os próximos meses continuarão a refletir as pressões inflacionárias em diferentes setores da economia.