O Brasil abriu 213.002 vagas com carteira assinada em setembro, segundo dados do Caged divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O número ficou acima das projeções de mercado, que esperavam um saldo próximo de 180 mil postos, mas ainda representa queda de 14% em relação ao mesmo mês de 2024.
O resultado foi impulsionado principalmente pelos setores de agropecuária e construção civil, que tiveram desempenho positivo no mês. A agropecuária, em especial, foi favorecida pela safra recorde de milho, o que elevou temporariamente a demanda por mão de obra.
Por outro lado, indústria, comércio e serviços apresentaram desempenho mais fraco, com redução no ritmo de contratações. Segundo o economista do Banco Daycoval, Antonio Ricciardi, a indústria registrou queda de quase 30% na criação de vagas frente a setembro do ano passado. “O desempenho do mês foi puxado por um setor com características específicas, mas quando olhamos o conjunto da economia, especialmente os setores mais sensíveis à atividade, vemos uma desaceleração na variação interanual”, afirma Ricciardi.
Mesmo com o dado positivo no mês, a tendência estrutural do mercado de trabalho mostra perda de fôlego. Ajustada sazonalmente, a criação líquida foi de 101 mil vagas, enquanto a média móvel trimestral passou de 81 mil para 82 mil, praticamente estável. “Estamos abaixo de 100 mil vagas na média desde 2021, com exceção dos meses de dezembro e janeiro, quando houve arrefecimento mais forte. Esse quadro indica a continuidade do mesmo cenário de desaceleração, mesmo diante de um resultado mensal acima das expectativas”, observa o economista.
O saldo de setembro eleva o total de empregos formais criados em 2025 para 1,66 milhão, segundo o Ministério do Trabalho. Ainda assim, os dados sugerem que a atividade econômica segue em ritmo moderado, especialmente nos setores não ligados ao agronegócio.
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