O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (18) que vai vetar o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pelo Senado, que altera critérios de aplicação de penas e pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. O texto segue agora para sanção presidencial, e Lula tem prazo de 15 dias úteis para decidir entre sancionar ou vetar a proposta.
Segundo o presidente, não houve acordo com o governo para a aprovação do projeto.
“Se houve acordo com o governo, eu não fui informado. E se o presidente não foi informado, não houve acordo”, disse durante coletiva no Palácio do Planalto, ao final do encontro de fim de ano com jornalistas.
Além da sinalização clara de veto, Lula adotou um tom abertamente político e antecipou o discurso eleitoral para 2026, demonstrando confiança no cenário e na capacidade de articulação do governo.
Além do PL da Dosimetria: confiança eleitoral e articulação política
Lula afirmou estar tranquilo em relação à próxima campanha presidencial e disse acreditar que o governo está em uma posição privilegiada para a disputa.
“Você não tem noção de como eu estou tranquilo para uma campanha eleitoral”, declarou.
O presidente comparou o processo eleitoral a uma disputa esportiva.
“Campanha é uma coisa tensa, é que nem bater pênalti. Mas meus adversários são que nem os jogadores do Flamengo; vão errar”, disse, em tom de provocação.
Segundo Lula, o governo pretende usar os próximos meses para estruturar o campo político.
“Vamos ter até março para montar um time de candidatos a deputados, governadores e senadores”, afirmou.
Ele também avaliou que o PT tem chance real de eleger governador e senador em São Paulo, um dos principais colégios eleitorais do país.
O presidente disse ainda que gostaria de ver o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como candidato, sem especificar cargo, reforçando o protagonismo do ministro dentro do governo.
Postura em relação a adversários
Durante a coletiva, Lula afirmou que não pretende julgar Bolsonaro ou seus familiares, e disse não ver problema na multiplicidade de candidaturas no campo adversário.
“Não vou julgar o Bolsonaro, o filho do Bolsonaro, a mulher do Bolsonaro. Saiam quantos candidatos quiserem”, afirmou.
O presidente reforçou a confiança na vitória eleitoral e declarou que a extrema direita não voltará a governar o país.
“Nós vamos ganhar as eleições”, disse.
Lula também afirmou estar preparado para o debate político.
“Não existe um tema que eu não esteja pronto para debater com quem quer que seja”, declarou.
Comunicação e bastidores do governo
Ao comentar a reunião ministerial realizada na véspera, Lula fez uma crítica à comunicação interna e externa do governo. Segundo ele, muitos ministros desconheciam conquistas apresentadas pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e por Haddad.
“Se a gente não falar, não divulgar, quem vai?”, questionou o presidente, ao defender uma postura mais ativa na divulgação dos resultados do governo.
Lula também comentou investigações em curso envolvendo o INSS e afirmou que não haverá proteção a ninguém, inclusive familiares.
“Se um filho meu estiver metido nisso, será investigado”, disse, ao reforçar o discurso de responsabilidade institucional.













