A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) alcançou um marco no setor aeronáutico ao certificar, pela primeira vez, balões de ar quente desenvolvidos e fabricados no Brasil. Em julho de 2025, cinco modelos criados pela empresa Rubic Balões receberam o certificado de tipo, resultando de um processo iniciado ainda em março de 2022. Essa certificação eleva o padrão dos balões tripulados nacionais, trazendo maior confiabilidade para operadores, passageiros e o próprio mercado de aviação civil.
Essa conquista mostra o avanço do segmento no país e reforça o compromisso com as normas internacionais de segurança estabelecidas pelo Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 31. O documento, emitido conforme critérios técnicos rigorosos, representa mais que um reconhecimento formal: é o passaporte para que os balões possam ser comercializados e operados de forma regular em território brasileiro. O Brasil agora integra um seleto grupo de nações que certificam balões livres tripulados, alinhando-se a países como Reino Unido, República Tcheca e França.
Por que a certificação de balões de ar quente é importante?
A homologação de balões de ar quente tripulados no Brasil atende a uma relevância dupla: garantir a segurança dos passageiros e estimular a indústria nacional. Para receber o certificado de tipo, os aparelhos passam por uma análise minuciosa, que inclui ensaios em cesto, tecido, maçaricos, além de testes de montagem e inspeções finais. O objetivo é assegurar que cada item siga padrões internacionais de segurança, minimizando riscos e elevando a confiança tanto do público quanto das autoridades de aviação.
A certificação facilita ainda a inserção do produto brasileiro em mercados internacionais, pois comprova o atendimento a requisitos reconhecidos fora do país. Entre os ganhos práticos, destaca-se a possibilidade de produção em série, o que depende posteriormente da obtenção de uma Certificação de Organização de Produção (COP). Assim, o setor se profissionaliza e amplia suas fronteiras, impulsionando a inovação tecnológica e os negócios locais.

Quais são as etapas do processo de certificação dos balões tripulados?
O caminho até obter o certificado de tipo para balões no Brasil é composto por diversos estágios controlados pela Anac. Veja um resumo dos principais passos obrigatórios para aprovação:
- Apresentação do projeto: A fabricante formaliza o pedido junto ao órgão regulador, detalhando especificações técnicas do balão.
- Análise documental: Todos os materiais enviados passam por análise criteriosa dos especialistas da Anac, incluindo manuais, desenhos e referências internacionais.
- Testes estruturais e operacionais: Executam-se ensaios práticos, tanto com peças isoladas (como cestos e maçaricos) quanto com o conjunto completo, simulando os voos previstos.
- Inspeção final: Após os testes, ocorre uma avaliação conclusiva para verificar se todos os requisitos das normas nacionais e internacionais foram seguidos.
- Emissão do certificado de tipo: Com aprovação em todas as etapas, a Anac publica a certificação, permitindo a fabricação e comercialização do modelo no mercado brasileiro.
Cada balão fabricado, no entanto, passa também por inspeção individual antes de receber o Certificado de Aeronavegabilidade Padrão, documento indispensável para efetuar voos regulares na prática.
Qual o impacto do programa Voo Simples na certificação de balões?
Lançado em outubro de 2020, o programa Voo Simples trouxe uma modernização significativa para o setor aéreo, inclusive ao cenário dos balões. Entre as principais mudanças, destaca-se a redução drástica da Taxa de Fiscalização da Aviação Civil (TFAC), que caiu de aproximadamente R$ 900 mil para R$ 20 mil. Esse novo patamar financeiro tornou mais acessível o desenvolvimento de projetos nacionais, incentivando empreendedores e empresas a investirem em inovação no campo da aviação leve.
Além do estímulo direto à Rubic Balões, a regulamentação mais enxuta e transparente favoreceu o surgimento de novos pedidos de certificação, trazendo mais competitividade e diversidade para o mercado interno. Diferentes fabricantes já se encontram em processo de análise, mostrando um cenário promissor para o segmento de balões tripulados no Brasil.
O que muda para o usuário e o mercado após esses avanços?
Com a certificação oficial, o setor ganha maior credibilidade junto ao público e aos operadores turísticos, que passam a contar com equipamentos validados por padrões internacionais de segurança. Empresas podem comercializar balões certificados para passeios, esportes aéreos e outras atividades, ampliando a oferta e a qualidade do serviço prestado. Para o passageiro, voar em balões que possuem registro oficial garante uma experiência mais segura e alinhada ao que é visto em mercados consolidados no exterior.
Além dos benefícios para quem viaja de balão, há influência positiva sobre cadeias produtivas, turismo e geração de emprego, já que a fabricação nacional se torna mais viável e atrativa. O Brasil, ao adotar as regras mais atuais de segurança operacional para balões, tende a consolidar sua posição no cenário internacional e criar novas possibilidades de desenvolvimento para o setor aeroespacial leve.