O mercado financeiro inicia esta quarta-feira (5) em compasso de expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá a nova taxa básica de juros. O consenso entre analistas é de manutenção da Selic em 15%, refletindo a cautela do Banco Central diante do desafio de trazer a inflação de volta à meta dentro do horizonte relevante. O foco estará no tom do comunicado, se manterá uma postura dura (hawkish) ou mais branda (dovish), o que deve indicar o ritmo e o momento do possível início do ciclo de cortes. Leia análises sobre o Copom clicando aqui.
Além da agenda monetária, o cenário corporativo ganha destaque com resultados de grandes companhias brasileiras, entre elas Itaú Unibanco, GPA, Prio, CSN e Irani. O conjunto dos balanços reforça sinais de recuperação em alguns setores e consolidação em outros, mostrando um ambiente econômico que, embora desafiador, ainda oferece margens de rentabilidade e oportunidades pontuais para investidores atentos às movimentações do mercado.
Como o Copom pode influenciar o rumo do mercado
A decisão sobre a Selic define o tom dos próximos movimentos do mercado de renda fixa e variável. Uma manutenção prolongada dos juros em patamar elevado tende a manter o real valorizado e atrair o chamado carry trade, mas pode também conter a retomada de investimentos produtivos. Caso o Copom sinalize uma flexibilização à frente, o mercado deve reagir positivamente, com expectativa de valorização dos ativos de risco e recuperação do crédito.
Enquanto isso, investidores analisam o comunicado do Banco Central para identificar possíveis mudanças no diagnóstico sobre inflação, atividade econômica e balanço de riscos. O tom adotado será decisivo para as projeções de curto e médio prazo, especialmente num momento em que o cenário global permanece sensível às variações de juros nos Estados Unidos e à desaceleração da economia chinesa.
Desempenho corporativo reflete resiliência em meio ao ambiente desafiador
O Itaú Unibanco apresentou mais um trimestre consistente, com lucro líquido de R$ 11,9 bilhões, crescimento de 3% em relação ao trimestre anterior e em linha com o consenso de mercado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 23,3% confirma o perfil de alta rentabilidade, apoiado por margens robustas e controle de risco. Com um excesso de capital de R$ 21 bilhões, o banco mantém espaço para possíveis dividendos extraordinários e recompras adicionais de ações.
O GPA (PCAR3) também trouxe resultado positivo, revertendo o prejuízo de R$ 310 milhões registrado no mesmo período do ano passado e alcançando lucro líquido consolidado de R$ 137 milhões no terceiro trimestre de 2025. O desempenho marca uma reviravolta importante e reflete ajustes operacionais e foco na eficiência das operações de varejo alimentar.
A Prio (PRIO3), por sua vez, reportou lucro líquido de US$ 91,6 milhões, uma queda de 44% em relação ao terceiro trimestre de 2024. Apesar da retração, a companhia segue com indicadores operacionais sólidos, mantendo a produção estável e foco em otimização de custos em um ambiente de volatilidade nos preços do petróleo.
Quais empresas surpreenderam o mercado com seus resultados
Entre as surpresas positivas, a CSN (CSNA3) reverteu o prejuízo de R$ 751 milhões do terceiro trimestre de 2024, apresentando lucro líquido de R$ 76 milhões entre julho e setembro deste ano. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado totalizou R$ 3,3 bilhões, avanço de 45,3% na comparação anual. A margem Ebitda ajustada chegou a 26,8%, alta de 7,1%, impulsionada pelo bom desempenho do segmento de mineração e pela recuperação dos preços do aço no mercado internacional.
Outro destaque foi a Irani (RANI3), que anunciou a distribuição de dividendos intercalares no valor total de R$ 10,3 milhões, equivalentes a R$ 0,044784774 por ação ordinária. Os investidores posicionados até 10 de novembro terão direito ao provento, e as ações passam a ser negociadas ex-dividendos a partir do dia 11. O pagamento será realizado até 25 de novembro, reforçando o compromisso da companhia com a geração de valor aos acionistas.
O que esperar para os próximos dias no mercado
Com o desfecho da reunião do Copom e a divulgação dos balanços do terceiro trimestre, o mercado deve operar de forma mais cautelosa nos próximos pregões. Investidores buscam clareza sobre o ritmo de cortes de juros e o impacto dos resultados corporativos nas expectativas de lucro para 2026. O cenário global também segue no radar, com atenção à trajetória de juros nos Estados Unidos e à recuperação da demanda chinesa.
Nesse sentido, a leitura geral é de que o mercado continua atento aos fundamentos domésticos e internacionais, buscando equilíbrio entre risco e retorno. Caso o Copom sinalize um ciclo gradual de afrouxamento monetário, ativos de maior risco podem se beneficiar. Por outro lado, um tom mais duro pode levar à reprecificação dos papéis sensíveis a juros e limitar o apetite por risco no curto prazo.
Em resumo, o dia será marcado por uma combinação de expectativas monetárias e resultados corporativos, que devem guiar o humor dos investidores e definir o ritmo dos negócios na B3.