O mito de que o açúcar deixa as crianças hiperativas, é um dos mais duradouros da cultura popular, mas não tem base científica. Décadas de estudos rigorosos concluíram que a “agitação do açúcar” é, na verdade, um efeito do ambiente e da expectativa dos pais.
O que as pesquisas científicas realmente dizem?
A ligação entre açúcar e hiperatividade foi extensivamente testada desde os anos 90, e os resultados são consistentes. Em diversos estudos duplo-cegos, onde nem os pais, nem as crianças, nem os pesquisadores sabiam quem estava recebendo açúcar ou um adoçante placebo, não foi encontrada nenhuma diferença no comportamento, veja abaixo o vídeo do canal DOUTOR AJUDA:
Uma meta-análise publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA) revisou 23 estudos e concluiu que o açúcar não afeta o comportamento ou o desempenho cognitivo das crianças. A ciência aponta que a causa da agitação é outra.
Então, por que os pais continuam acreditando no mito?
A percepção dos pais é o fator mais poderoso na manutenção desse mito. A explicação está na psicologia, em um fenômeno conhecido como viés de confirmação. Os pais já esperam que a criança fique agitada após comer doces, então eles interpretam qualquer comportamento energético como um sintoma de hiperatividade.
Além disso, o contexto em que as crianças consomem açúcar é quase sempre estimulante, como em festas de aniversário, feriados ou passeios. É o ambiente excitante, e não o doce, que causa a agitação. A crença dos pais é tão forte que, em alguns estudos, eles classificaram seus filhos como “mais hiperativos” quando achavam que eles tinham consumido açúcar, mesmo que tivessem recebido apenas um placebo.
A verdadeira relação entre o açúcar e o cérebro

O açúcar (glicose) é a principal fonte de energia do cérebro, mas o corpo possui mecanismos eficientes para regular os níveis de açúcar no sangue. Após o consumo de um doce, o corpo libera insulina para transportar a glicose para as células, mantendo o equilíbrio e impedindo que o cérebro seja “inundado” de energia.
O que pode ocorrer é um “choque de açúcar” reativo, onde o pico de insulina causa uma queda rápida no açúcar no sangue algum tempo depois, podendo levar à irritabilidade ou cansaço. No entanto, a fase de “pico” de energia ou hiperatividade não foi comprovada. Os fatores que realmente influenciam o comportamento são:
- O ambiente e a excitação do momento (festas, eventos especiais).
- A expectativa dos pais (viés de confirmação).
- A falta de sono, que é uma causa comprovada de hiperatividade.
- A personalidade natural e o nível de energia da criança.
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O açúcar não causa hiperatividade, mas ainda exige moderação
Desmistificar a ligação com a hiperatividade não significa dar um passe livre para o consumo de açúcar. Organizações de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Americana do Coração, alertam que o excesso de açúcar continua sendo prejudicial.
O consumo elevado está diretamente ligado a problemas sérios de saúde, como obesidade infantil, cáries dentárias, diabetes tipo 2 e risco aumentado de doenças cardíacas na vida adulta. Portanto, o foco deve ser em uma dieta balanceada, e não em um mito comportamental.
Gostou de desvendar essa verdade científica? Compartilhe com outros pais e ajude a quebrar esse mito de uma vez por todas!














