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Subsídios, dívida e a geometria do poder industrial chinês

Fabio OngaroPor Fabio Ongaro
09/07/2025

No centro da nova divisão internacional da produção, a China opera com uma engenharia econômica própria: ao invés de separar mercado e Estado, funde ambos em um único corpo estratégico. Os números revelam o tamanho da operação. Em 2024, o governo chinês destinou cerca de US$ 33 bilhões em subsídios diretos a empresas listadas, segundo dados compilados pela Wind e pelo WSJ. Considerando crédito subsidiado, incentivos fiscais, terrenos descontados e energia abaixo do custo, o apoio estatal representa hoje entre 3% e 5% do PIB chinês, segundo estimativas do CSIS.

O modelo chinês não se limita a injetar recursos. Ele seleciona setores estratégicos, canaliza investimentos por meio de fundos soberanos e constrói campeões nacionais com acesso privilegiado a crédito e infraestrutura. Desde 2014, o “Big Fund” voltado para semicondutores já mobilizou mais de US$ 98 bilhões em três rodadas. Em maio de 2024, a terceira fase foi lançada com 344 bilhões de yuans (US$ 47,5 bilhões). Um novo fundo paralelo voltado à inteligência artificial recebeu 60 bilhões de yuans em abril de 2025.

O caso da CATL, maior fabricante global de baterias, ilustra bem a lógica: em 2023, a empresa recebeu US$ 790 milhões em subsídios diretos. A YMTC, voltada à produção de chips, acumulou US$ 2,9 bilhões entre 2020 e 2023. Essas empresas não apenas lideram seus mercados, como integram uma estratégia nacional de substituição de importações e liderança tecnológica.

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Por trás do impulso produtivo, há uma engrenagem de financiamento poderosa. O crédito bancário chinês está profundamente interligado ao aparato estatal. Em 2023, a fabricante de chips SMIC obteve financiamento a 2,1% ao ano, enquanto a taxa de referência estava em 4,2%. Bancos como o China Development Bank e o Export-Import Bank of China funcionam como extensões do planejamento central, direcionando capital com objetivos industriais.

Aos bancos se somam os LGFVs (Local Government Financing Vehicles), entidades ligadas a governos provinciais que operam como braços fiscais fora do orçamento. Esses veículos acumulavam, até o fim de 2024, entre US$ 7 e 11 trilhões em dívidas, segundo a S&P. Boa parte dessas dívidas, embora tecnicamente off-balance, contam com garantias implícitas do Estado, o que amplia a exposição fiscal total do país. Cerca de US$ 800 bilhões são considerados de alto risco de calote.

Dívida corporativa em níveis históricos

Combinando dívida corporativa, LGFVs e crédito a governos locais, o total da dívida do setor não financeiro chegou a 286% do PIB no terceiro trimestre de 2024. Só a dívida corporativa representa 172% do PIB. Em termos absolutos, a China detém 38% de toda a dívida corporativa dos mercados emergentes, segundo o BIS. Esse nível de endividamento é o mais elevado entre os países do G20.

Mas o modelo tem limites. A produtividade marginal do crédito vem em queda contínua. Em 2008, cada yuan emprestado gerava 0,8 yuan de PIB. Em 2025, esse multiplicador caiu para 0,27. Segundo a Moody’s, muitas empresas estatais operam com dívida líquida superior a 15 vezes o EBITDA, refletindo baixa eficiência alocativa.

Reação internacional e escalada tarifária

A resposta internacional ao avanço industrial subsidiado foi rápida. Em 2024, os Estados Unidos elevaram as tarifas sobre veículos elétricos chineses para 100%. A União Europeia impôs sobretaxas de até 38%, após uma investigação detalhada sobre práticas desleais. Além dos carros, painéis solares, turbinas eólicas e produtos químicos chineses também passaram a enfrentar barreiras. Para Bruxelas e Washington, o que está em jogo é a integridade das regras da OMC e a sobrevivência da indústria local.

Pequim rebateu as acusações com argumentos previsíveis: nega dumping, afirma que os subsídios são compatíveis com suas obrigações multilaterais e acusa o Ocidente de protecionismo disfarçado de regulação verde. Na prática, a China inicia uma fase em que a sua estratégia de política industrial, antes admirada, passou a ser confrontada diretamente.

A política fiscal do governo central também foi posta à prova. Embora o déficit oficial para 2025 tenha sido fixado em RMB 5,66 trilhões (US$ 780 bilhões), analistas do Rhodium Group estimam que o déficit real, incluindo as operações com LGFVs, possa chegar a RMB 13,6 trilhões (US$ 1,9 trilhão). Diante disso, Pequim aprovou um plano extraordinário de refinanciamento de dívidas locais no valor de RMB 6 trilhões (US$ 839 bilhões), com vigência entre 2024 e 2026.

A China se vê, portanto, diante de um dilema: reduzir o apoio estatal implica risco social, desaceleração industrial e possível aumento do desemprego urbano. Manter o modelo, por outro lado, amplia distorções, tensiona o comércio global e adia uma reforma estrutural da eficiência econômica.

O que está em jogo

Há sinais de que uma transição parcial está sendo considerada. O governo central iniciou a revisão de critérios para acesso a subsídios, promoveu auditorias nos fundos locais e busca fortalecer o papel dos mercados de capitais como fonte alternativa de financiamento. Mas essas reformas são graduais e enfrentam resistência de governos provinciais e setores dependentes do crédito público.

O modelo de crescimento da China foi, durante décadas, uma alavanca de ascensão global. Hoje, ele passa por um estresse estrutural. A questão não é apenas de eficiência econômica, mas de legitimidade internacional. A resposta a esse dilema definirá não só o futuro da política industrial chinesa, mas o equilíbrio das cadeias produtivas globais e a arquitetura comercial do século XXI.

*Coluna escrita por Fabio Ongaro, economista e empresário no Brasil, CEO da Energy Group e vice-presidente de finanças da Camara Italiana do Comércio de São Paulo – Italcam

As opiniões transmitidas pelo colunista são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião da BM&C News.

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