O dólar continua no radar dos investidores. Isso porque, a moeda norte-americana chegou a bater nos R$ 5,73 no início da semana, puxado pela expectativa de cortes menores de juros nos Estados Unidos e o aumento de chances de vitória de Donald Trump nas eleições de novembro. Mas será que a moeda pode alcançar R$ 6 até o final do ano?
De acordo com analistas, as chances desse cenário se concretizar não podem ser descartadas. “Apesar do início de um ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, que geralmente alivia a pressão sobre o dólar, a fuga de capitais do Brasil tem sido intensa, agravada pela falta de clareza nas contas públicas. Entre janeiro e setembro, o país viu a saída de mais de US$ 52 bilhões, refletindo a preocupação dos investidores com a capacidade do governo de cumprir suas metas fiscais e controlar o crescente endividamento”, explicou Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
Dólar a R$ 6 e os possíveis impactos na economia
Uma vez tendo essa possibilidade no horizonte, a pergunta que fica é: como tudo isso pode impactar a vida dos brasileiros e os investimentos no mercado? Segundo análise de Jenni Almeida, especialista em finanças formada pela Harvard Business School e CEO da franquia de consultoria financeira Invest4U, essa alta do dólar pode pressiona os preços dos insumos importados, elevando custos de produção e, por consequência, os preços ao consumidor.
“Empresas que dependem de importações, seja de matéria-prima ou produtos acabados, enfrentarão margens mais apertadas e poderão repassar esses custos ao consumidor final. Para se preparar para esse cenário, é essencial buscar proteção financeira”, explicou a especialista.
Ainda segundo ela, uma estratégia viável é diversificar investimentos, expondo parte da carteira a ativos que se beneficiem do dólar alto, um exemplo é investir em boas ações de empresas americanas. “Também é importante controlar os gastos em moeda estrangeira, reduzindo despesas em viagens internacionais e priorizando alternativas locais, para quem pensar em viajar esse final de ano”, finalizou Almeida.
Cenário otimista
Apesar de possibilidades negtivas, João Kepler, CEO da Equity Fund Group avalia que embora a possibilidade do dólar atingir R$ 6 até o final do ano não possa ser completamente descartada, essa projeção pouco provável no cenário atual.
De acordo com a visão de Kepler, para que o dólar alcance esse patamar, seria necessário choques econômicos significativos, como um agravamento da situação fiscal brasileira ou turbulências globais que aumentassem a aversão ao risco. Além disso, a postura do Federal Reserve, que vem flexibilizando a política monetária, sugere uma tendência de enfraquecimento do dólar no mercado global, o que reduz a pressão sobre o real. Adicionalmente, o Brasil tem se beneficiado do desempenho das commodities, o que contribui para manter um fluxo constante de dólares e sustentar uma certa estabilidade cambial.
“Se o Federal Reserve adotar uma postura mais cautelosa e optar por uma elevação menor dos juros ou por cortes graduais, o impacto sobre o dólar tende a ser moderado. Um mercado de trabalho robusto e a inflação se aproximando da meta de 2% permitem que o Fed não tenha tanta urgência para reduzir agressivamente as taxas, mantendo o dólar relativamente estável”, explicou o especilaista.
“Com ajustes menores nos juros, a moeda americana poderá ser menos afetada pelo diferencial de juros em relação a outras economias. Isso significa que, embora possa haver uma pressão de enfraquecimento do dólar, ela não deve ser tão intensa, já que a política monetária do Fed continuará equilibrando as condições econômicas dos EUA”, concluiu Kepler.
















