
A queda da taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual, para 13,25%, levou a uma animação de parte do mercado financeiro, mas também trouxe preocupação para alguns. O economista Marcos Lisboa, em entrevista para a BM&C News, elogiou a qualidade da política monetária do Brasil.
“A política monetária está funcionando com muito mais eficiência do que poderíamos imaginar“, afirmou Lisboa, que também criticou o foco demasiado sobre o tema. “Acho que, no Brasil, gastamos um tempo demasiado em algo que deveria ser de uma importância secundária, que é a política monetária. A política monetária é para segurar a inflação, evitar que ela saia de controle.”
O economista também lembrou que o instrumento de juros não é o suficiente para gerar aumento da economia brasileira: “A taxa de juros não vai gerar crescimento. Não é a taxa de juros de curto prazo que vai gerar crescimento. Se o Banco Central erra na condução da taxa de juros e a inflação fica mais alta, a gente sabe o custo que isso tem para o país (…) Não vai ser a Selic que vai fazer o Brasil voltar a crescer”.
Lisboa disse, ainda, que a importância maior está nos juros de longo prazo, que afeta a vida das empresas.
Outro destaque foi para a questão da produtividade brasileira, que apresenta pouco crescimento há décadas e é responsável pela baixo crescimento do país nesse período, segundo Lisboa. O economista enfatiza, porém, que há exceções, como é o caso do agronegócio.
Lisboa também foi questionado sobre a reforma tributária, que está em tramitação no Congresso Nacional, e comentou que o IVA dual é “muito mais fácil” e “mutio mais eficiente do ponto de vista econômico”. Porém, fez ressalvas.
“A gente está com a melhor das reformas? Não. A ideia do IVA dual, acho que foi um equivoco, uma complicação desnecessária, as exceções que passaram na Câmara é outro problema, ainda há muita coisa para complementar, o Conselho Federeativo dá dor de cabeça”, afirmou. “Agora, mesmo com todos esses problemas, essa reforma é, incomparavelmente, melhor do que nós temos hoje.“