
Nesta sexta-feira (19), o ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, participou do evento organizado pelo BC, o High-Level Seminar on Central Banking: Past and Present Challenges, em São Paulo. Em entrevista exclusiva à BM&C News, para o reporter Carlo Cauti durante o evento, Meirelles comentou sobre a alta de juros no Brasil e suas perspectivas para o arcabouço fiscal.
De acordo com o ex-presidente do Banco Central, a “solução do problema não é tentar baixar juros real artificialmente. Isso vai aumentá-lo mais ainda”. Isso porque, para ele, “a solução é, exatamente, fazer o controle fiscal, fazer o controle da dívida pública, baixar a inflação e, com o tempo, o juro real cai.”
Ele explica que o BC acaba aumentando os juros para conseguir controlar a inflação, controlando assim as expectativas. “Não há possibilidade de controlar a inflação com o juro abaixo do que é necessário”, finaliza.
Arcabouço fiscal
Além de comentar sobre suas opiniões referentes ao juro real e a dívida pública, Meirelles, que também foi ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e criador do teto de gastos, deu sua opinião a respeito da nova âncora fiscal.
“A política fiscal definida pelo arcabouço tem um teto em 2,5% e tem o piso que é 0,6%. Então, se o país crescer mais do que isso [2,5%], está havendo aí uma forma de controle. O importante é que o Banco Central não pode ficar dependendo de outras ações, o BC tem que cumprir o seu papel, que é controlar a inflação”, afirma o ex-presidente do BC.
Reservas do Brasil
Por último, mas não menos importante, Meirelles também falou a respeito das reservas do Brasil, que na sua opinião, estão altas e isso seria um ponto positivo na economia do país.
“As reservas estão altas. Isso é muito bom (…) Isso que dá segurança para que o Brasil possa enfrentar os seus problemas”, destacou o ex-ministro da Fazenda.
Meirelles enfatizou seu período como ministro da Fazenda, entre 2016 e 2018, quando houve a aprovação do teto de gastos. Segundo ele, a recuperação do país, que enfrentava uma forte recessão, foi muito rápida devido ao projeto do teto, mas principalmente pelas reservas do Brasil.