Inspirado no piscar dos olhos humanos, o professor Robert Kearns revolucionou a segurança automotiva ao criar o limpador de para-brisa intermitente. Sua invenção uniu eletrônica e mecânica para resolver um problema de visibilidade, desafiando as gigantes da indústria automobilística.
Como surgiu a ideia do limpador de para-brisa intermitente?
Antes da invenção de Kearns, os limpadores funcionavam de forma contínua, o que era irritante e obstruía a visão em dias de garoa leve. O movimento constante das palhetas sobre o vidro quase seco criava ruído e desgaste, além de distrair o motorista.

A inspiração veio da biologia: Kearns observou que o olho humano não precisa ser limpo constantemente, mas sim piscar e descansar. Ele decidiu replicar esse intervalo de repouso na máquina, criando um sistema que limpasse e pausasse, exatamente como nossas pálpebras fazem para manter a visão clara.
Por que a eletrônica foi a chave para o problema?
Tentar criar esse intervalo de pausa apenas com engrenagens mecânicas era complexo e inviável para produção em massa. A grande sacada de Kearns foi introduzir componentes eletrônicos no design mecânico, utilizando um circuito com transistores e capacitores para controlar o tempo.
O coração do sistema era o capacitor, que armazenava energia e a descarregava lentamente. O tempo que essa energia levava para esvaziar definia o “tempo de descanso” do limpador. Quando o capacitor descarregava, o ciclo recomeçava, criando a intermitência perfeita.
Componentes do circuito original a seguir:
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Capacitor: Armazena energia para criar o tempo de pausa.
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Transistor: Atua como um interruptor eletrônico.
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Resistor Variável: Permite ao motorista ajustar a velocidade.
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Motor Elétrico: Executa o movimento mecânico das palhetas.
Como o motorista controla a velocidade da limpeza?
Kearns permitiu que o motorista tivesse controle total sobre o intervalo através de um botão no painel. Ao girar esse botão, alterava-se a resistência no circuito elétrico, fazendo com que o capacitor demorasse mais ou menos tempo para descarregar a energia.
Para conhecer a história de persistência e brilhantismo por trás de uma peça essencial em qualquer veículo, selecionamos este vídeo do canal JAES Company Português. Os especialistas narram a invenção do limpador de para-brisa intermitente pelo professor Robert Kearns, detalhando a eletrônica envolvida e a longa batalha judicial contra grandes montadoras:
Hoje, a evolução dessa tecnologia inclui sensores de chuva e automação total. A segurança no trânsito depende da visibilidade, e itens como esse são regulamentados e fiscalizados por órgãos como o Departamento Nacional de Trânsito (SENATRAN) para garantir que os veículos saiam de fábrica seguros.
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Qual foi a batalha legal por trás da patente?
Apesar da genialidade, a Ford tentou utilizar a tecnologia sem pagar os direitos a Kearns. O inventor dedicou grande parte de sua vida a processos judiciais por infração de patente contra a montadora e outras empresas, recusando acordos para provar que era o criador legítimo.
No Brasil, a proteção de invenções é gerida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Kearns eventualmente venceu nos tribunais, garantindo uma indenização milionária e, mais importante, o reconhecimento histórico de que sua engenharia salvou vidas nas estradas.
| Sistema Antigo | Sistema de Kearns (Intermitente) |
| Movimento | Contínuo e fixo. |
| Tecnologia | 100% Mecânica. |
| Visibilidade | Ruim em chuvas leves. |
| Controle | Apenas Ligado/Desligado. |