O cenário macroeconômico projetado para 2026 mantém os fundos imobiliários (FIIs) sob atenção redobrada dos investidores. Apesar de uma leitura mais construtiva para a economia, os riscos fiscais, o comportamento da taxa Selic e o ambiente político seguem como fatores determinantes para o desempenho da classe, segundo análise de Eddie Kobori, da Fami Capital, em entrevista à BM&C News.
Para o especialista, o principal ponto de atenção não se restringe apenas aos FIIs, mas afeta todas as classes de ativos.
“A maior preocupação do mercado é uma possível reeleição do governo atual, que tende a trazer mais pessimismo para os ativos”, afirma.
Kobori lembra que o setor já esteve no radar do governo em discussões sobre tributação de dividendos, um tema sensível para os cotistas, dado que a isenção é um dos principais atrativos da classe.
Selic elevada é o principal risco para os FIIs
Na avaliação do estrategista, o fator que mais pode comprometer o desempenho dos fundos imobiliários é a manutenção da Selic em patamar elevado por um período prolongado.
“O setor imobiliário é cíclico e alavancado. Com juros altos, o custo de capital sobe, a rentabilidade dos projetos cai e o incentivo a novos empreendimentos diminui”, explica.
Segundo Kobori, o impacto ocorre em duas frentes. Do lado da oferta, o aumento do custo de capital desestimula incorporadoras, construtoras e empresas do setor a lançarem novos projetos. Do lado da demanda, o crédito mais caro reduz o apetite de pessoas físicas interessadas na compra de imóveis, seja para moradia ou investimento, afetando o ritmo de vendas.
Esse ambiente acaba pressionando tanto o desempenho operacional das empresas ligadas ao setor quanto o valuation dos fundos imobiliários negociados na bolsa.
Renda ou ganho de capital: estratégia para os FIIs depende do perfil do investidor
Ao analisar a estratégia para 2026, Eddie Kobori destaca que o investidor precisa fazer escolhas claras dentro da classe.
“Nos FIIs, não dá para maximizar renda e ganho de capital ao mesmo tempo. É preciso priorizar um dos dois”, afirma.
Para investidores que toleram maior volatilidade, a recomendação da Fami Capital é uma alocação mais voltada ao ganho de capital, aproveitando ativos que ainda negociam com desconto.
“Se o cenário mais positivo se confirmar, a rentabilidade tende a ser melhor ao longo do tempo”, avalia.
Ainda assim, Kobori observa que o momento atual permite alguma combinação entre renda e valorização.
“Hoje ainda existem fundos descontados que pagam bons dividendos. É possível encontrar ativos que rendem cerca de 1% ao mês sem pagar ágio na entrada”, afirma.
Ativos robustos tendem a ser os vencedores
Como orientação final, o especialista reforça a importância da qualidade dos ativos na composição da carteira.
“A dica é se expor a fundos mais robustos, com boa liquidez, gestão experiente e histórico consistente de performance”, diz.
Na visão de Kobori, em um cenário de normalização gradual do mercado, esses fundos tendem a se destacar e a concentrar os melhores resultados para o investidor que busca atravessar 2026 com uma estratégia mais equilibrada dentro do universo dos FIIs.












