Responda rápido, sem usar qualquer ferramenta de busca: quem é o vice-governador de São Paulo? Aqueles que moram na região do Vale do Paraíba sabem a resposta na ponta da língua: trata-se do ex-prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth. Tirando esse grupo de paulistas, no entanto, Ramuth é um nome desconhecido para a maioria dos eleitores de São Paulo.
Mas esses tempos de anonimato podem terminar para o vice-governador. Nos círculos mais altos do Palácio dos Bandeirantes, Ramuth é considerado o candidato natural à sucessão de Tarcísio de Freitas, caso o governador resolva mesmo tentar a eleição presidencial de 2026. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, pelo menos por enquanto, encontra resistências dentro do núcleo duro do governo paulista, especialmente junto ao secretário Gilberto Kassab (o mandachuva do PSD, partido do vice).
O fato de Ramuth não ter notoriedade entre o eleitorado não quer dizer muita coisa. Geraldo Alckmin foi um vice desconhecido que assumiu a chefia do governo, com a morte de Mario Covas, e conseguiu ficar no cargo através do voto. Mas Rodrigo Garcia, por outro lado, assumiu o posto com a renúncia de João Doria e chegou em terceiro lugar nas eleições estaduais, atrás do próprio Tarcísio e do hoje ministro Fernando Haddad.
Ou seja: caso Tarcísio entre na sucessão para o Planalto, a candidatura de Ramuth precisa ser turbinada desde agora. Um primeiro passo já foi dado. Ele, que havia sido escolhido em 2023 pelo governador para encontrar a solução para a Cracolândia, apareceu bastante na imprensa na segunda semana de novembro. Nesta ocasião, deu uma entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo” (replicada por muitos veículos), na qual afirmava: “A Cracolândia acabou e não voltará”.
A afirmação de Ramuth é arriscada e pode ser explorada politicamente no futuro, caso o consumo e o comércio de drogas pesadas voltem a assolar o centro da capital paulista. Mas é um caminho que, se confirmado, pode render muitos dividendos eleitorais no futuro.
Nas eleições estaduais, os candidatos mais alinhados à direta costumam vencer a disputa, uma vez que o peso das urnas do interior é quase o dobro das da capital. Com isso, a competitividade dos partidos de esquerda é bastante diluída. Mas um político relativamente desconhecido como Ramuth pode colocar isso em risco? É uma hipótese que anima os petistas, em especial Haddad, que pensa em se candidatar ao Bandeirantes caso Tarcísio mire a eleição nacional.
Falando no governador, ele segue negando oficialmente qualquer intenção de ser o candidato da direita à presidência. E ficará nessa toada até fevereiro ou março. As peças do tabuleiro, porém, só começarão a ser mexidas a partir de 12 de janeiro, quando Tarcísio voltará de um curto período de férias.
Existe uma pressão em torno do governador para influir na escolha de quem poderia ser seu vice. Há uma corrente que insiste na adoção de algum membro da família Bolsonaro (depois do recente fiasco protagonizado pelo senador Flávio, só sobraria como opção a ex-primeira-dama Michelle, que não se entusiasma pela ideia). Outro grupo, que parece hoje ser majoritário, prefere um nome alternativo – mas ainda não existe consenso sobre quem seria a melhor composição para disputar ao lado de Tarcísio.
E o que pensa o governador? Apesar das especulações, ele ouve muito e fala pouco quando o assunto é sua candidatura presidencial. Mas quem o conhece muito bem sabe que ele dificilmente escolhe para uma posição alguém que peça de forma explícita para ser indicado.
Portanto, os mais afoitos terão de esperar – em silêncio – até o dia 12 de janeiro, quando o jogo começará de fato.















