O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (31) em alta de 0,51%, aos 149.540,43 pontos, garantindo o 5º recorde consecutivo de fechamento e a 8ª alta seguida. Com isso, o principal índice da B3 acumulou ganho de 2,26% em outubro e 2,31% na semana, embalado por resultados corporativos fortes e um cenário internacional mais favorável aos emergentes.
Durante o pregão, o índice chegou a tocar 149,6 mil pontos, renovando a máxima histórica intradiária. Foi o 19º recorde nominal do ano e o melhor desempenho mensal desde junho, sustentado pela melhora nos juros futuros e pelo avanço das bolsas globais.
O mês de outubro: juros, balanços e alívio global
De acordo com Everton Dias, economista e sócio da Legado Investimentos, outubro foi marcado por uma combinação rara de fatores positivos no cenário global e doméstico.
“Encerramos um mês bastante positivo nas bolsas globais — Brasil, Estados Unidos, Europa e Ásia — muito ainda direcionado pela questão da taxa de juros americana”, afirmou. Ele lembra que o Federal Reserve promoveu a segunda queda consecutiva de 0,25 ponto percentual na quarta-feira, levando os juros dos EUA para a faixa entre 3,75% e 4,00%.
Segundo o gestor, o discurso mais cauteloso do Fed surpreendeu o mercado. “A novidade foi o discurso posterior, mostrando que pode haver mais prudência na próxima reunião, dependendo dos números da economia americana, que seguem incompletos devido ao shutdown que travou a divulgação de indicadores.”
No Brasil, Everton destacou o clima otimista com o novo recorde do Ibovespa. “O mercado vem batendo máximas históricas, muito influenciado pelo movimento global de queda de juros, que atrai liquidez para países emergentes. O cenário de redução de taxas é amplamente favorável a esses mercados.”
Fiscal e rally de fim de ano no radar
Mesmo com o bom humor dos investidores, o economista pondera que a questão fiscal ainda inspira cautela. “O investidor parece estar fazendo vistas grossas para o risco fiscal e apostando em um rali de fim de ano, com expectativa de início do ciclo de cortes no Brasil no primeiro semestre de 2026”, observou.
Everton também destacou que os indicadores de inflação vieram abaixo das expectativas. “Tivemos o IGP-M e o IPCA-15 mais comportados, o que reduziu o temor inflacionário e ajudou a sustentar o apetite por risco.”
Setores e ações em destaque
- Yduqs (YDUQ3) liderou as altas, com valorização de 8,39%, seguida por Minerva (BEEF3) e Natura (NATU3);
- Vale (VALE3) avançou mais de 2% após divulgar lucro acima das projeções e expectativa de dividendo extraordinário;
- Petrobras (PETR3/PETR4) recuou, mesmo com a leve recuperação do petróleo Brent;
- Marcopolo (POMO4) despencou 10,5% após lucro líquido de R$ 329,6 milhões, 1,8% menor que no 3º tri de 2024.
Contexto internacional e perspectivas
O mês também foi influenciado pelo ambiente externo. Everton destacou que a trégua comercial entre Estados Unidos e China trouxe alívio para os mercados. “O encontro entre Trump e Xi Jinping foi um lado bastante positivo, reduzindo o estresse geopolítico e favorecendo o apetite global por risco.”
No câmbio, o dólar à vista encerrou a R$ 5,3803 (−0,02%), acumulando alta de 1,08% no mês. A moeda oscilou por fatores técnicos ligados à disputa pela Ptax de fim de mês e ao fortalecimento global do dólar após falas do Fed.
Expectativas para novembro
Para Everton Dias, o início de novembro deve ser de “cautela em relação às novas decisões monetárias e fiscais”, mas com um viés ainda otimista. “O mercado futuro já precifica os 150 mil pontos e mantém esperança de um rali de fim de ano. Apesar dos desafios fiscais e do contexto eleitoral que se aproxima, o sentimento dominante é de confiança.”
Resumo de outubro
- Ibovespa: +2,26% no mês / +0,51% no dia / 149.540,43 pontos
- Dólar à vista: R$ 5,3803 (−0,02% no dia / +1,08% no mês)
- Maiores altas: YDUQ3, BEEF3, NATU3, AURE3
- Maiores quedas: POMO4, VIVT3, TIMS3
- Taxa de desemprego: 5,6% no trimestre até setembro
- IGP-M e IPCA-15: abaixo das projeções
Conclusão
Com recordes históricos e apetite global por risco, o Ibovespa encerra outubro no auge, em linha com as principais bolsas do mundo. O otimismo com a trajetória de juros e a trégua comercial entre EUA e China sustentaram os ganhos, enquanto o risco fiscal segue como fator de vigilância. Para Everton Dias, o mercado “segue animado e aposta que novembro consolidará o rali de fim de ano”.