O mercado espera uma desaceleração do IPCA-15 em outubro, cuja divulgação ocorre nesta sexta-feira (24), refletindo um cenário de menor pressão sobre preços administrados, especialmente nas tarifas de energia elétrica. As projeções coletadas por analistas indicam uma variação próxima de 0,25%, após a alta de 0,48% registrada em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Se confirmada, essa leitura representará uma moderação no ritmo de alta dos preços ao consumidor, com impacto direto da mudança de bandeira tarifária e da dissipação de reajustes que haviam elevado o índice no mês anterior. No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA-15 soma 5,32%, acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, que é de 4,5% em 2025.
Economistas consultados por casas de análise apontam que o foco nesta leitura será o comportamento dos serviços, segmento que segue pressionado pelo mercado de trabalho aquecido. Itens como passagens aéreas e alimentação fora do domicílio devem voltar a subir após alívio pontual em setembro, sustentando o núcleo de inflação em patamar elevado.
Entre os grupos de maior peso, alimentação no domicílio tende a mostrar estabilidade, após meses de queda nos preços das carnes e de produtos in natura. Já os bens industriais devem registrar leve alta, puxados pelo vestuário, mas ainda com comportamento considerado benigno.
Para Daycoval, IPCA-15 deve subir 0,23%
O Departamento de Pesquisa Econômica (DPEc) do Banco Daycoval projeta que o IPCA-15 de outubro apresentará alta de 0,23%. Segundo o relatório, o retorno das passagens aéreas para o terreno positivo e fim dos descontos dos ingressos de cinema relativos à ‘Semana do Cinema no Brasil’ são os destaques deste grupo. “O fim dos efeitos do bônus de Itaipu e a alteração da bandeira tarifária vermelha 2 para vermelha 1 devem gerar deflação nas contas de energia elétrica, contribuindo para atenuar a pressão inflacionária”, destaca o documento.
De acordo com o DPEc, a inflação de serviços deve permanecer como principal foco de atenção: “O principal núcleo de inflação (serviços subjacentes) deve registrar alta de 0,40%, constituindo desafio relevante e reforçando o cenário de cautela por parte do Banco Central”.
Com esse cenário, a instituição manteve sua projeção para a taxa Selic em 15% até o fim de 2025, destacando que os sinais de moderação ainda não são suficientes para alterar a postura de cautela da autoridade monetária.
Mesmo com a desaceleração esperada, o IPCA-15 acumulado em 12 meses deve se manter ao redor de 5%, refletindo a inércia inflacionária nos serviços e a lenta convergência em direção à meta. Analistas veem espaço para alívio gradual apenas a partir de 2026, caso a política monetária continue restritiva e os núcleos de inflação recuem de forma mais consistente.
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