O envelhecimento acelerado da população brasileira tem impulsionado a chamada economia prateada, abrindo espaço para modelos de negócios voltados ao público 60+. Em meio a esse cenário, a Renaissance Residencial, sediada em Bauru (SP), se destaca como um case sólido de gestão, propósito e escalabilidade. Com mais de uma década de operação e três unidades próprias, a empresa mantém fila de espera há 10 anos e entrega margem líquida de 30%, algo raro no setor de saúde.
Em participação recente no programa Smart Money, apresentado por João Kepler na BM&C News, os fundadores Luiz e Joana Bacci compartilharam detalhes do negócio, desafios enfrentados e planos de expansão. Ao lado do mentor Túlio Melo, da Equity Group, o episódio trouxe à tona discussões sobre franquia, licenciamento, build-to-suit e até parcerias com fundos imobiliários como caminhos viáveis para escalar o modelo de forma estratégica.
Como funciona o modelo de negócio da Renaissance?
A Renaissance oferece um modelo que combina hotelaria, hospitalidade e cuidado humanizado, atendendo idosos em diferentes níveis de dependência. As unidades contam com equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Todos os serviços estão inclusos no valor mensal pago pelos residentes.
Segundo Joana Bacci, que é enfermeira e especialista em gerontologia, o diferencial da empresa está na atenção individualizada e no propósito. “Não é só número de leitos, é escuta, dignidade e empatia”. A proposta, segundo ela, é romper com o estigma de “asilo” e promover um ambiente de convivência, liberdade e bem-estar para os idosos e suas famílias.
Quais são os desafios para escalar o negócio?
Apesar da alta demanda, o principal entrave enfrentado pela empresa é a capacidade limitada. Todas as unidades operam com lotação máxima e há uma longa lista de espera. Para crescer, a Renaissance precisa encontrar um modelo que permita manter o padrão de qualidade, expandir geograficamente e garantir retorno financeiro aos parceiros.
Durante a conversa no Smart Money, João Kepler e Túlio Melo sugeriram diferentes alternativas estratégicas. Entre elas:
- Licenciamento: permitir que operadores regionais usem o selo e o know-how da Renaissance.
- Franquia: expansão com padrão e supervisão rígida, replicando o modelo validado.
- Build-to-Suit (BTS): captação de recursos junto a investidores para construção de novas unidades.
- Parcerias com fundos imobiliários: monetizar o modelo com contratos de locação estruturados.
Quais diferenciais sustentam a força da Renaissance?
Ao longo de 10 anos, a Renaissance estruturou um modelo baseado em propósito, eficiência e resultado. O casal fundador afirma que todo o crescimento até aqui foi realizado com capital 100% próprio, sem dívidas ou alavancagem. Isso mostra a sustentabilidade da operação e a robustez do fluxo de caixa.
Outro diferencial está na padronização dos processos. As três unidades seguem o mesmo modelo operacional, com rotinas bem definidas, protocolos assistenciais e gestão integrada. Essa base sólida, segundo os mentores do programa, é essencial para dar o próximo passo com segurança, seja via licenciamento, seja por meio de investidores estratégicos.
Por que o mercado está atento ao segmento de longevidade?
Com projeção de mais de 60 milhões de brasileiros acima dos 60 anos até 2040, o setor de residência sênior se torna uma das oportunidades mais promissoras para os próximos anos. A chamada economia prateada já movimenta R$ 2 trilhões no Brasil e tende a crescer com o aumento da expectativa de vida e mudanças culturais em relação ao cuidado com idosos.
O modelo da Renaissance ganha destaque por estar posicionado como uma alternativa de alto valor agregado, capaz de unir rentabilidade, impacto social e escalabilidade. A ideia, inclusive, de criar um “plano de vida”, e não apenas um plano de saúde foi sugerida durante o programa, demonstrando o potencial de diversificação de produtos e parcerias.
Qual será o próximo passo da Renaissance?
Com lista de espera, padrão de excelência reconhecido e um mercado promissor, a Renaissance está diante de uma decisão estratégica. Como afirmou João Kepler ao final do programa, “talvez seja hora de um dos sócios sair da operação e focar exclusivamente no estratégico”. A estruturação de um modelo escalável pode garantir que a marca lidere a consolidação do setor no Brasil.
Enquanto isso, investidores, operadoras de saúde e fundos imobiliários já começam a enxergar o potencial da empresa. Com uma base sólida, propósito claro e retorno consistente, o mercado sênior pode ter encontrado na Renaissance seu primeiro grande player nacional.