A tokenização de ativos, uma tecnologia que vem ganhando força no Brasil, tem gerado discussões sobre seu impacto nas finanças e no mercado de investimentos. Em entrevista ao programa Papo de Dinheiro, Michel Mendes, CFO da Tokeniza, explicou como a plataforma está utilizando essa inovação para permitir que qualquer pessoa, independentemente do porte de seu investimento, tenha acesso a ativos previamente restritos. Mas, afinal, o que é a tokenização e como ela pode transformar o mercado financeiro?
O que é tokenização?
De forma simplificada, a tokenização é o processo de transformar ativos reais, como imóveis, obras de arte ou até mesmo a participação em um negócio, em tokens digitais, que podem ser negociados em plataformas de criptomoedas. Cada token funciona como um “envelope digital” único, que contém um ativo que pode ser comprado, vendido ou negociado. Ao contrário das criptomoedas tradicionais, os tokens não representam apenas dinheiro, mas podem englobar qualquer tipo de valor que seja negociável de forma digital.
“Imagine que você possui uma obra de arte como a Monalisa. Você poderia ‘tokenizar’ essa arte e vendê-la de forma digital. Mesmo que existam cópias digitais, o token representa a original, oferecendo uma nova forma de negociar ativos valiosos“, explicou Michel Mendes.
Tokenização no Brasil: Uma tendência crescente
Michel explicou que a tokenização no Brasil ainda é um conceito relativamente novo, mas com grande potencial de crescimento. Embora o Brasil tenha avançado na regulamentação da tecnologia, com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentando a emissão de tokens e o Banco Central discutindo stablecoins (moedas digitais lastreadas), o mercado de tokenização está se estruturando e se tornando uma alternativa viável para investidores e captadores de recursos.
A Tokeniza, por exemplo, já realiza operações de tokenização de imóveis e outros ativos, permitindo que investidores adquiram frações desses ativos por valores acessíveis. “Nosso objetivo é permitir que investidores compitam de igual para igual com grandes fundos, democratizando o acesso a investimentos“, comentou Mendes.
Como a tokenização está ajudando o mercado de imóveis
O mercado imobiliário é um dos segmentos mais promissores para a aplicação da tokenização, pois permite que ativos como imóveis sejam fragmentados em pequenas partes, facilitando o acesso de investidores com pouco capital. Em vez de comprar um imóvel inteiro, os investidores podem adquirir frações dele, o que diminui significativamente o valor de entrada.
“Por exemplo, se você tem um imóvel avaliado em R$ 1 milhão, pode tokenizá-lo e vender 100 frações de R$ 10.000. Isso facilita a participação de pequenos investidores no mercado imobiliário, que antes precisavam de uma quantia significativa para entrar“, explicou o CFO da Tokeniza.
Riscos e desafios na tokenização
Como qualquer outra forma de investimento, a tokenização também envolve riscos. Mendes destacou que, embora a tecnologia permita maior segurança e transparência, ainda é preciso lidar com questões jurídicas, como a validação dos tokens nos cartórios e a necessidade de regulamentação mais robusta para garantir a legitimidade de transações.
“Estamos avançando na regulamentação e na integração com cartórios, mas é um processo gradual. Hoje, por exemplo, já conseguimos registrar a tokenização de imóveis na escritura, o que garante maior segurança jurídica para investidores“, afirmou Michel.
Além disso, o risco financeiro também deve ser considerado, pois, ao investir por meio de tokens, os investidores precisam confiar na avaliação dos ativos. Mendes enfatizou que a Tokeniza adota uma abordagem rigorosa de avaliação, sempre com uma margem de segurança para garantir que os ativos tokenizados tenham valor real.
A democratização dos investimentos e a visão para o futuro
Michel acredita que a tokenização pode mudar o cenário de investimentos no Brasil, permitindo que mais pessoas tenham acesso a oportunidades antes restritas a grandes investidores. Ele também mencionou que, com o tempo, o mercado se tornará mais sofisticado, e a tokenização será cada vez mais comum, principalmente à medida que mais empresas e plataformas adotem a tecnologia.
“O futuro da tokenização é extremamente promissor. Podemos tokenizar qualquer ativo físico, seja um imóvel, uma obra de arte ou até mesmo uma empresa. O mais interessante é que a tecnologia permite que as pessoas tenham acesso a esses ativos de maneira muito mais acessível e sem as barreiras tradicionais“, concluiu Mendes.
Oportunidades para os investidores
Para quem deseja começar a investir por meio da tokenização, a recomendação de Michel é que os investidores busquem plataformas regulamentadas e confiáveis, como a Tokeniza, que garantem a segurança e transparência nas transações. Além disso, é importante entender o risco envolvido e escolher ativos que se alinhem com o perfil de risco de cada investidor.