Os investimentos em saneamento no Brasil têm um retorno significativo, tanto no aspecto econômico quanto social. Segundo especialistas, cada dólar investido no setor pode gerar um retorno de 3 a 6 vezes, beneficiando não apenas a infraestrutura, mas também trazendo impactos diretos para a saúde pública, educação e produtividade. Essa realidade reflete o potencial do saneamento básico não apenas como uma questão de infraestrutura, mas como um motor essencial para o desenvolvimento social e econômico do país.
Nos cinco anos do Marco Legal do Saneamento, uma reforma importante que visa garantir a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios, especialmente em regiões como o Norte e Nordeste, onde a cobertura de esgoto ainda é limitada. Em entrevista ao portal BM&C News, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, analisou os impactos e os desafios do setor, destacando os progressos conquistados, mas também a necessidade de um esforço contínuo para alcançar as metas.
Avanços no Setor e Participação Privada
O Marco Legal do Saneamento, implementado em 2020, trouxe avanços significativos, com mais de 200% de crescimento no número de cidades atendidas com saneamento nos últimos cinco anos. A participação do setor privado, que antes era de 7%, cresceu para quase 49%, o que tem sido crucial para acelerar o processo de expansão. Cruz enfatizou que a participação privada é fundamental para garantir os investimentos necessários para universalizar os serviços. “O setor privado tem sido essencial para viabilizar os investimentos necessários para a expansão do saneamento, trazendo mais competitividade e eficiência ao setor”, afirmou.
O relatório da RB Investimentos confirma a necessidade de um volume substancial de recursos, estimando que serão necessários cerca de R$ 893 bilhões até 2033 para garantir o acesso universal a água potável e esgoto. Através de concessões e parcerias público-privadas (PPPs), espera-se que o setor privado continue a ser uma peça-chave para atingir essas metas.
Desafios Regionais e Oportunidades de Investimento
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à disparidade regional. Enquanto o Sul e Sudeste têm uma cobertura de água bem mais avançada, o Norte ainda apresenta uma realidade distante da universalização. Cruz destacou a dificuldade de adaptação de municípios menores ao novo modelo de licitação, o que tem atrasado o cumprimento das metas em várias regiões. “A adaptação dos municípios ao novo marco é um processo complexo, e a fiscalização precisa ser mais rigorosa para garantir que as metas sejam cumpridas”, disse o especialista.
Além dos desafios estruturais, o setor de saneamento também representa uma grande oportunidade de investimento. O retorno econômico gerado por esses investimentos é robusto, com estimativas que indicam que o Brasil pode crescer 3% a mais do que o PIB nos próximos 20 anos, se as metas de universalização forem alcançadas. Os benefícios indiretos, como a melhoria da saúde pública, a redução de custos com doenças e o aumento da produtividade, são essenciais para o fortalecimento da economia.
Cruz conclui que o caminho para a universalização do saneamento é longo, mas as oportunidades são evidentes. “O saneamento básico é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Com os investimentos certos e a colaboração entre o setor público e privado, o país tem potencial para transformar o setor e colher os benefícios a longo prazo”, finalizou o estrategista.
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