Apesar de um ambiente doméstico ainda marcado por incertezas fiscais, expectativas desancoradas de inflação e taxa Selic elevada, o mercado brasileiro tem registrado uma performance positiva em 2025. Para Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, o motivo está no cenário internacional: investidores globais estão reavaliando suas posições nos Estados Unidos e redirecionando capital para outras regiões, incluindo emergentes como o Brasil.
“O que a gente está vendo é uma tendência inicial de rotação global de capital, ainda que com pausas e volatilidade. Mesmo sem avanços estruturais internos, o Brasil passou a ser mais bem avaliado no contexto global”, afirmou Cunha à BM&C News.
Desconfiança com os EUA impulsiona busca por alternativas como o Brasil
Segundo Cunha, os grandes alocadores de capital estão diante de uma série de dúvidas em relação à economia americana. Entre elas, destacam-se:
- A agenda de tarifas comerciais, ainda sem definição clara;
- A capacidade da economia dos EUA de manter o crescimento diante de choques sucessivos de incerteza;
- E a fragilidade fiscal americana, após anos de estímulos pós-Covid.
“Não se trata de decretar o fim do excepcionalismo americano, mas sim de reconhecer que outras regiões estavam excessivamente descontadas. Esse redirecionamento de fluxo pode continuar beneficiando mercados como o nosso”, explica.
Brasil pode se beneficiar, mesmo sem grandes avanços internos
Mesmo com a falta de avanços relevantes na pauta fiscal ou em reformas estruturais, o Brasil aparece em uma posição relativamente mais atrativa, segundo o estrategista. “Por vias tortas, o cenário global está jogando a favor do Brasil. A comparação com os Estados Unidos, neste momento, nos favorece”, avalia.
O resultado, diz Cunha, é percebido tanto na valorização do real quanto na recuperação de ativos de risco no país. “A gente ainda pode ver novas ondas desse movimento. O pano de fundo segue favorável, apesar da ausência de melhorias domésticas mais consistentes.”
