A ata da última reunião do Federal Reserve (FED), divulgada nesta quarta-feira (19), confirmou a postura cautelosa do banco central dos Estados Unidos em relação ao corte de juros. O documento revelou que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) ainda não enxergam espaço para flexibilizar a política monetária no curto prazo, reforçando a necessidade de manter as taxas em níveis elevados para conter a inflação.
O mercado já vinha precificando essa postura mais restritiva nos últimos dias, principalmente após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) na semana passada, que mostrou uma inflação um pouco acima do esperado. Além disso, o presidente do FED, Jerome Powell, em depoimento ao Senado, afirmou que “não há pressa para cortar juros”, declaração que foi reforçada por outros dirigentes do FED ao longo da semana.
Para Leonardo Santana, sócio da Top Gain, a ata apenas reforça o que já era esperado pelo mercado: cortes de juros nos Estados Unidos devem ficar para o segundo semestre. “Nós tivemos os dirigentes do FED e do FOMC essa semana falando também que não tem pressa para cortar juros e o mercado já precificou isso. Infelizmente, realmente a gente só vai ter corte de juros nos Estados Unidos somente para o segundo semestre”, destacou em entrevista ao Closing.
Impactos no mercado financeiro
A sinalização de juros elevados por mais tempo tem efeitos diretos no mercado financeiro. Taxas mais altas encarecem o crédito e reduzem o crescimento econômico, impactando diretamente o mercado de ações. “Basicamente, você mantém os juros altos e o dinheiro caro. Então, você não desenvolve a economia. Isso que é ruim, por isso que a bolsa acaba sofrendo um pouquinho”, explicou Santana.
Apesar disso, os índices de Wall Street não registraram fortes quedas no pregão desta quarta-feira. O desempenho mais contido pode ser explicado pelo movimento recente de recordes históricos nos principais índices acionários dos EUA. “O mercado norte-americano estava ali recorde atrás de recordes históricos, acabou parando um pouco e chegou a cair levemente ao longo desses dias”, comentou o especialista.
Perspectivas para os próximos meses
Com a inflação ainda pressionada e o FED mantendo a comunicação firme em relação aos cortes de juros, os investidores devem continuar atentos aos próximos dados econômicos, especialmente os relacionados ao mercado de trabalho e aos preços ao consumidor. Caso a inflação permaneça resistente, os cortes de juros podem ser ainda mais adiados, o que pode afetar o apetite por risco e a performance dos mercados globais.
A ata reforça a necessidade de um cenário mais favorável para a inflação antes que o FED possa iniciar o ciclo de afrouxamento monetário. Até lá, os juros elevados seguem como uma realidade que os investidores precisarão considerar ao longo de 2024.