O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, nesta quarta-feira (29), um novo aumento na taxa básica de juros, elevando a Selic para 13,25% ao ano. A decisão unânime e já amplamente antecipada pelo mercado, marcou a primeira reunião sob a presidência de Gabriel Galípolo, que assumiu o comando do Banco Central neste mês.
Este é o quarto aumento consecutivo da taxa, reforçando a política de aperto monetário em resposta às pressões inflacionárias e aos desafios fiscais do país. O ciclo de alta teve início em setembro do ano passado, quando o Copom elevou a taxa de 10,5% para 10,75% ao ano. Desde então, a Selic subiu mais três vezes: 0,5 ponto em novembro, 1 ponto em dezembro e agora 1 ponto em janeiro, conforme o comitê havia sinalizado anteriormente.
O movimento dá sequência a um período de ajustes na política monetária. Após permanecer em 13,75% ao ano entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a Selic passou por seis cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual e um corte de 0,25 ponto entre agosto do ano passado e maio deste ano. No entanto, o cenário mudou a partir de junho, quando o Copom interrompeu os cortes e optou por manter a taxa em 10,5% ao ano. O ciclo de alta foi retomado em setembro, com um aumento de 0,25 ponto percentual, seguido pelas elevações subsequentes.
- Copom antecipa nova alta em março, mas evita sinalizações para maio
O comunicado do Copom reforçou o tom mais duro da política monetária ao antecipar mais um aumento de 100 pontos-base na próxima reunião, em março, quando a Selic deverá atingir 14,25% ao ano. No entanto, o Comitê evitou dar qualquer sinalização sobre os próximos passos em maio, adotando uma postura mais cautelosa e reforçando sua liberdade de ação diante das incertezas econômicas.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”, destacou o comunicado.
- Decisão já estava no radar do mercado:
O resultado da reunião estava alinhado com as expectativas dos analistas, que já previam um novo aumento da Selic nesta reunião. A manutenção do aperto monetário reflete, principalmente, o temor com a deterioração do cenário fiscal brasileiro, o impacto da política econômica sobre a inflação e as incertezas externas.
No último Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central com projeções do mercado, as expectativas para a Selic nos próximos anos foram ajustadas para cima:
Selic em 2025: 15,00% (sem alterações)
Selic em 2026: Revisada de 12,25% para 12,50%
Selic em 2027: Revisada de 10,25% para 10,30%
- Reunião anterior surpreendeu o mercado
O aumento de 1 ponto percentual já era esperado pelo mercado desde a última reunião do Copom, em dezembro, quando o Comitê também decidiu elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Na ocasião, a decisão foi unânime, mas surpreendeu analistas, que projetavam um aumento menor, de 0,75 ponto percentual.
No comunicado divulgado após a reunião de dezembro, o Copom justificou a alta acima do esperado como uma resposta às incertezas externas e aos impactos do pacote fiscal do governo sobre o quadro inflacionário. O comitê também havia antecipado que novos aumentos de 1 ponto percentual ocorreriam nas reuniões de janeiro e março, caso as projeções para inflação e risco fiscal não apresentassem melhora.
Agora, com a Selic em 13,25% ao ano, a atenção do mercado se volta para os próximos passos do Banco Central e para os impactos dessa política no crescimento econômico, na inflação e no custo do crédito no Brasil.