Começou às 10h35 desta terça-feira, 08, a sabatina do indicado do governo a presidência do Banco Central para o próximo mandato, Gabriel Galípolo. Um dos pontos altos da entrevista até agora foi protagonizado pela senadora Damares Alves, do Republicanos-DF. No início da fala ela alegou dizendo que iria dar um conselho a Galípolo: disse que o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para o cargo, participava das reuniões ministeriais do governo anterior e arrematou: “A lua de mel de Campos Neto com Paulo Guedes nem sempre era de verdade”. A senadora usou o mesmo termo para falar que a boa relação de Galípolo com o atual ministro da Fazenda pode durar pouco: “a sua lua-de-mel com Fernando Haddad vai acabar”. Veja o vídeo aqui.
A senadora ainda perguntou sobre a relação dívida X PIB. Na resposta, Galípolo afirmou que a política de endividamento do governo por meio de títulos públicos é atribuição do Tesouro Nacional, órgão do governo federal, que apresenta as opções condicionadas à demanda ou aceitação pelo mercado. Ele disse não ser recomendável limitar as opções de títulos públicos ofertados pelo Tesouro, com maior ou menor prazo.
— Não acho recomendável fazer qualquer tipo de tabelamento ou limitação [dos títulos ofertados] nesse sentido — disse Galípolo, lembrando que o papel do Banco Central é o de acompanhar os reflexos das emissões de títulos públicos na inflação e até utilizar essas emissões para estimar a expectativa para inflação no futuro.
Ele também reafirmou a política de câmbio flutuante, uma “linha de defesa diante das oscilações da economia”.
Relação com Lula e Campos Neto
Ao responder o senador Izalci Lucas (PL-DF) sobre as críticas do governo federal ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Galípolo foi enfático.
— Minha relação com os presidentes [Lula e Campos Neto] é a melhor possível, não consigo fazer qualquer queixa sobre ambos.
Galípolo defende autonomia operacional do BC
O senador Dr. Hiran (PP-RR) apontou que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, atua como “um contraponto” do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão do Poder Executivo. Em resposta sobre estratégias para manter a independência do Banco Central, Galípolo afirmou que o órgão deve ter autonomia para cumprir suas funções e perseguir as metas que são estabelecidas pelo governo eleito democraticamente.
— Sou daqueles que defendem que o Banco Central não deveria nem votar na meta de inflação… [Mas] reforço aqui a necessidade de você ter uma estrutura institucional do Banco Central que permita a ele desempenhar suas funções. Por exemplo, o Pix é uma infraestrutura pública digital que se equipara hoje a quase todas as outras infraestruturas essenciais.
Papel do BC na promoção de políticas sustentáveis

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) questionou Gabriel Galípolo sobre o papel do Banco Central na promoção de políticas sustentáveis e sobre suas propostas para integrar questões ambientais nas decisões de políticas monetárias e no controle dos riscos financeiros associados às mudanças climáticas. Em resposta, Galípolo afirmou que os maiores bancos centrais do mundo fazem reuniões regulares e existem divergências sobre o quanto isso deveria ser incorporado às instituições. O economista também afirmou que o Banco Central está atento ao tema, colaborando com o governo federal.
— Vejo para o Brasil uma grande oportunidade de se firmar como um polo [de sustentabilidade]. O Brasil tem tanto uma segurança alimentar quanto energética, contando com uma matriz energética mais limpa. Esse custo de transição seria menor, em um mundo em que você corre o risco de ter várias pressões inflacionárias.
(com informações da Agência Senado)