Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, compartilhou recentemente, em entrevista exclusiva para o BM&C Visões, detalhes sobre sua trajetória e os desafios enfrentados durante seu comando em algumas das mais importantes instituições financeiras do Brasil.
“Assumimos a inflação muito elevada e tivemos que tomar atitudes duras de política monetária”, disse Meirelles ao relembrar o período inicial de sua gestão no Banco Central. Ele também destacou o impacto da crise do subprime de 2007 nos bancos brasileiros, que enfrentaram uma súbita retirada das linhas de crédito internacionais. “Decidi que usaríamos nossas reservas para substituir o sistema financeiro internacional por um ano”, relatou Meirelles, uma medida que acalmou o mercado.
Henrique Meirelles e a Importância do Teto de Gastos
Como ministro da Fazenda durante o governo de Michel Temer, Meirelles enfatizou a aprovação do teto de gastos como crucial para estabilizar a economia brasileira. “O Brasil estava em recessão, com um déficit muito grande. O teto de gastos foi essencial para controlar as despesas públicas e evitar uma crise econômica maior”, afirmou.
Polêmicas e Decisões Cruciais na Gestão Econômica
Meirelles também discutiu as pressões políticas que enfrentou durante seu mandato, principalmente em 2005, quando a alta dos juros não agradou ao então presidente Lula. Ele mencionou uma conversa em que sugeriu sua saída do Banco Central. “Eu disse ao presidente que seria um bom momento para eu sair, mas ele mudou de ideia e me pediu para continuar”, revelou Meirelles.
Reformas e a Necessidade de Atualizações na Previdência
O ex-ministro destacou a reforma da Previdência como um dos pontos altos de sua passagem pelo Ministério da Fazenda. “Sem a reforma, a Previdência estaria ocupando mais do que a arrecadação da União, levando o país a uma crise econômica gravíssima”, declarou Meirelles. Ele também sugeriu que, em breve, uma atualização da reforma será necessária para garantir a sustentabilidade do sistema diante do aumento da expectativa de vida da população.
O Futuro da Economia Brasileira segundo Henrique Meirelles
Ao ser questionado sobre a atual condução da política econômica no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Meirelles foi cauteloso em sua avaliação, afirmando que o país “não está crescendo espetacularmente, mas também não está em recessão”. Ele ressaltou a importância de o governo “controlar os gastos” e “manter a autonomia do Banco Central” para garantir a estabilidade econômica.