Em 2024, a Colômbia se destaca no cenário global como um dos maiores produtores de cannabis medicinal. Desde 2015, com a legalização da plantação e comercialização da planta para fins medicinais e terapêuticos, o país tem atraído a atenção de investidores e empreendedores, transformando antigos estigmas em oportunidades econômicas lucrativas.
O engenheiro agrônomo que inspeciona mudas de maconha em uma estufa já não é mais um cenário inusitado na Colômbia. A imagem reflete uma nova era para um país que, por décadas, foi associado ao tráfico de drogas. Agora, a cannabis medicinal se firma como uma promissora indústria, movimentando bilhões no mercado global.

Evolução legal da Cannabis na Colômbia
Para entender o avanço da cannabis medicinal na Colômbia, é preciso voltar aos anos 1970 e 1980. O período conhecido como “Bonanza Marimbera” marcou o ápice do cultivo de maconha para mercados internacionais, especialmente os Estados Unidos. Contudo, o auge da cocaína e as plantações caseiras nos EUA desestimularam a produção de maconha no país.
Em 1986, a Colômbia deu o primeiro passo para a regulamentação da cannabis ao aprovar uma lei que permitia a produção e o uso de substâncias psicoativas para fins científicos ou medicinais. Essa legislação evoluiu ao longo dos anos, até que, em 2015, o governo passasse a emitir licenças para a produção e comercialização de cannabis medicinal.
Como a Cannabis Medicinal impacta a economia colombiana?
A transformação da cannabis em uma indústria legal trouxe significativas mudanças econômicas para a Colômbia. Em 2023, o país exportou US$ 10,8 milhões (R$ 60,5 milhões) em produtos à base de cannabis, sendo o Brasil o principal destino dessas exportações. A ProColombia, agência de promoção de exportações, destacou que o mercado brasileiro absorveu 32% desses produtos.
Esses números refletem um mercado em expansão e evidenciam o potencial econômico da cannabis medicinal. A estrutura legal e a abertura para a exportação colocam a Colômbia entre os principais players globais nesse segmento, com previsões otimistas para os próximos anos.
Com a expectativa de que o mercado global de cannabis medicinal atinja US$ 58 bilhões (R$ 325 bilhões) em 2028, a Colômbia está bem posicionada para se tornar um líder mundial neste setor. A trajetória do país serve de exemplo para outras nações, mostrando como uma planta pode passar de vilã a protagonista econômica, trazendo benefícios para a saúde e gerando oportunidades de negócios sustentáveis.
Quais os desafios para a Cannabis Medicinal na Colômbia?
Apesar do crescimento do mercado de cannabis medicinal, a Colômbia ainda enfrenta desafios, especialmente em relação ao estigma associado à planta. Empresários como Sebastian Emilio Mateus e Fernanda Gaitán relatam preconceitos e barreiras iniciais ao entrar nesse setor. Ambos tiveram suas trajetórias profissionais alteradas pela decisão de investir na cannabis medicinal, enfrentando obstáculos e aprendendo a valorizar os benefícios terapêuticos da planta.
Outro desafio importante é a rigidez do controle sobre as plantações licenciadas para evitar que abasteçam o mercado ilegal. O governo colombiano estabelece inspeções regulares e um sistema rigoroso de controle para garantir a conformidade com as regulamentações.
Como está o mercado brasileiro de Cannabis Medicinal?
O mercado brasileiro de cannabis medicinal tem apresentado um crescimento exponencial nos últimos anos. A legalização para fins medicinais, em 2015, abriu portas para um novo segmento farmacêutico e trouxe esperança para muitos pacientes com diversas condições de saúde.
Enquanto a Colômbia avança, o Brasil ainda está em estágios iniciais no desenvolvimento do mercado de cannabis medicinal. Segundo Thiago Hermano, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann), há um grande potencial a ser explorado. Empresas colombianas têm investido no Brasil para conhecer o mercado de saúde nacional e estabelecer presença no fornecimento de produtos à base de cannabis.
- De 2023 até agora, o Brasil se tornou o principal destino dos produtos colombianos derivados de cannabis.
- Estima-se que as exportações de produtos à base de cannabis podem alcançar US$ 123 milhões (R$ 689 milhões) até 2025.
- Empreendedores colombianos se instalaram no Brasil, buscando oportunidades e colaboração científica.
Esse movimento, de acordo com Hermano, deve ser baseado em pesquisas sobre a planta e seu comportamento social, permitindo que o Brasil desenvolva um mercado sólido e regulamentado.
Principais Pontos sobre o Mercado:
- Crescimento acelerado: O número de pacientes utilizando cannabis medicinal no Brasil tem aumentado significativamente a cada ano.
- Diversidade de produtos: A oferta de produtos à base de cannabis é cada vez mais ampla, com diferentes concentrações de CBD e THC e diversas formas de administração (óleos, cápsulas, adesivos, etc.).
- Regulamentação em constante evolução: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem trabalhado para aperfeiçoar a regulamentação do setor, buscando garantir a segurança e a qualidade dos produtos.
- Investimentos em pesquisa: Empresas e instituições de pesquisa estão investindo cada vez mais em estudos clínicos para avaliar os benefícios da cannabis medicinal em diversas doenças.
- Associações de pacientes: Essas associações desempenham um papel fundamental na defesa dos direitos dos pacientes e na disseminação de informações sobre a cannabis medicinal.
Desafios do mercado de Cannabis Medicinal no Brasil
O mercado de cannabis medicinal na Colômbia continua a crescer, impulsionado por um quadro legal favorável e pela crescente demanda internacional. O Brasil emerge como um importante parceiro comercial, com potencial para ampliar ainda mais as exportações colombianas. No entanto, o país enfrenta alguns desafios:
- Custo elevado: O preço dos produtos à base de cannabis ainda é considerado alto por muitos pacientes, limitando o acesso a esse tipo de tratamento.
- Falta de médicos prescritores: Ainda há uma carência de médicos capacitados para prescrever cannabis medicinal, o que dificulta o acesso dos pacientes a esse tratamento.
- Preconceito e estigma: A cannabis ainda é vista com preconceito por parte de alguns profissionais de saúde e da sociedade em geral.
- Falta de estudos clínicos: Apesar dos avanços, ainda há necessidade de mais estudos clínicos para comprovar a eficácia da cannabis medicinal em diversas doenças.