No dia 27 de julho, o Ministério da Saúde confirmou a morte de duas mulheres jovens vítimas da febre Oropouche. As pacientes, residentes na Bahia, não apresentavam comorbidades prévias. Esses são os primeiros óbitos registrados na literatura científica mundial devido a essa infecção, que está experimentando um aumento significativo de casos no Brasil.
Em um artigo divulgado em pré-print no dia 16 de julho, pesquisadores do LACEN-BA e MG, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Fiocruz e outras instituições detalham as causas das mortes das pacientes. Segundo os estudos, os exames realizados nas amostras das pacientes revelaram uma grande similaridade entre o quadro da febre Oropouche e uma febre hemorrágica, como a dengue.

Entenda a Febre Oropouche
De acordo com o grupo de pesquisadores, diversos testes foram conduzidos para descartar outras doenças infecciosas como dengue, zika e chikungunya. Os resultados mostraram que a infecção por Oropouche pode levar a fenômenos hemorrágicos, algo já destacado em pesquisas anteriores. O envolvimento do fígado na infecção também é uma possibilidade esperada.
Como a Febre Oropouche afeta a coagulação?
As duas pacientes apresentaram lesões hemorrágicas devido a problemas de coagulação. Em uma das pacientes, os níveis elevados de enzimas hepáticas sugeriram que o fígado estava envolvido na dificuldade de coagulação. A outra paciente teve dois caminhos de coagulação severamente comprometidos, apesar de possuir quase um número normal de plaquetas.
Os pesquisadores indicam que essa combinação de resultados laboratoriais aponta para uma coagulopatia grave, explicando os múltiplos locais de hemorragia e a insuficiência renal aguda observada. Entre os possíveis mecanismos envolvidos, poderiam estar uma síndrome de tempestade de citocinas secundária à infecção, levando à coagulopatia de consumo e disfunção plaquetária, além do mau funcionamento hemodinâmico de órgãos-alvo como rim e fígado.
Alguns dos mecanismos envolvidos incluem:
- Dano às células do fígado: O fígado é um órgão fundamental para a produção de fatores de coagulação. A infecção pelo vírus Oropouche pode causar lesões hepáticas, comprometendo essa função e levando a um desequilíbrio na cascata de coagulação.
- Ativação da coagulação: O sistema imune, ao combater a infecção, pode desencadear uma resposta inflamatória que ativa a cascata de coagulação de forma descontrolada. Isso pode levar à formação de coágulos sanguíneos,obstruindo vasos sanguíneos e comprometendo a circulação.
- Consumo de fatores de coagulação: A ativação excessiva da coagulação consome os fatores de coagulação,deixando o organismo mais suscetível a sangramentos.
Por que a detecção precoce é crucial?
As alterações na coagulação causadas pela febre Oropouche podem levar a diversas complicações, como:
- Sangramentos: A deficiência de fatores de coagulação pode causar sangramentos espontâneos ou após pequenos traumas, como cortes ou arranhões.
- Trombose: A formação de coágulos sanguíneos pode obstruir vasos sanguíneos, causando trombose venosa profunda, embolia pulmonar e outras complicações graves.
- Órgãos vitais: A coagulopatia pode afetar órgãos vitais como o cérebro, coração e rins, levando a danos irreversíveis e até mesmo ao óbito.
Os especialistas ressaltam a importância de compreender exatamente como a infecção por Oropouche acontece, já que a doença evolui rapidamente. A detecção precoce dos casos é essencial para garantir que o tratamento seja administrado a tempo.
É importante:
- Monitoramento contínuo dos casos de Oropouche
- Realização de testes específicos para identificar a infecção
- Acesso rápido a tratamento adequado
O que está sendo feito para combater a Febre Oropouche?
Felizmente, várias medidas estão sendo adotadas para combater a febre Oropouche. Estas incluem o mapeamento de áreas de risco, campanhas de conscientização sobre os sintomas e a importância da detecção precoce, além do investimento em pesquisa para entender melhor a doença e desenvolver tratamentos eficazes.
Paralelamente, as autoridades estão focadas na vigilância epidemiológica e na capacitação de profissionais de saúde para que possam identificar e tratar rapidamente os casos suspeitos de febre Oropouche. A colaboração entre diversas instituições, tanto a nível nacional quanto internacional, é vital para enfrentar essa crescente ameaça à saúde pública.