Um novo estudo preliminar aponta que o consumo de carne vermelha processada pode aumentar o risco de demência. De acordo com a pesquisa, pessoas que ingeriam cerca de 28 gramas de carne vermelha processada por dia, o equivalente a pouco menos de duas porções de 85 gramas por semana, apresentavam um risco 14% maior de desenvolver demência em comparação com aquelas que comiam apenas três porções por mês.
Em contraste, o risco de demência reduziu em 20% para aqueles que substituíram a carne vermelha processada por nozes e leguminosas. Itens como bacon, salsicha, cachorro-quente e frios, ricos em sódio, nitratos e gordura saturada, estão associados não apenas à demência, mas também a vários tipos de câncer, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e derrame.

Por que a carne processada pode aumentar o risco de demência?
O estudo coletou dados alimentares de mais de 130.000 participantes durante mais de três décadas, incluindo participantes do Nurses’ Health Study e do Health Professionals Follow-Up Study. As perguntas investigaram a frequência de consumo de carnes processadas (como bacon, cachorro-quente e salsichas) e de alimentos como nozes e leguminosas.
Segundo Maria Carrillo, diretora científica da Associação de Alzheimer, os alimentos como nozes e leguminosas possuem propriedades anti-inflamatórias que trazem muitos benefícios. O estudo concluiu que cada porção adicional de carne vermelha processada resultou em 1,61 anos extras de envelhecimento cognitivo na cognição global e 1,69 anos extras na memória verbal.
- Substâncias químicas: A carne processada passa por um processo de cura, defumação ou salga, que envolve a adição de conservantes, nitratos e outros compostos químicos. Essas substâncias podem gerar compostos nitrosos, que são potencialmente neurotóxicos e podem contribuir para o declínio cognitivo.
- Inflamação: O consumo regular de carne vermelha processada está associado a um aumento da inflamação no corpo. A inflamação crônica é considerada um fator de risco para diversas doenças, incluindo doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer.
- Ferro heme: A carne vermelha processada é rica em ferro heme, um tipo de ferro que pode gerar radicais livres e aumentar o estresse oxidativo, danificando as células do cérebro.
O que a ciência diz?
Vários estudos epidemiológicos observacionais encontraram uma associação significativa entre o consumo de carne vermelha processada e um maior risco de demência, incluindo a doença de Alzheimer. No entanto, é importante ressaltar que esses estudos não provam uma relação de causa e efeito. Outros fatores, como a dieta geral, o estilo de vida e a genética, também podem influenciar o risco de desenvolver demência.
Walter Willett, professor de epidemiologia e nutrição na Harvard T.H. Chan School of Public Health, em Boston, acredita que há muito a ser feito para reduzir os riscos de demência. Ele destaca que muitas ações conhecidas por melhorar a saúde cardiovascular podem também diminuir esse risco. Willett ressalta a importância de incluir certos alimentos na dieta, mesmo que mais detalhes ainda precisem ser compreendidos.
Como reduzir o consumo de carne vermelha processada?
Christopher Gardner, professor de medicina no Stanford Prevention Research Center, sugere focar em um padrão alimentar saudável em vez de apenas substituir produtos de origem animal por produtos à base de plantas. Planejamentos alimentares como a dieta Mediterrânea e a DASH são exemplos de estilos de vida saudáveis que enfatizam uma culinária simples baseada em plantas.
- Faça uma refeição por semana focada em feijões, grãos integrais e vegetais.
- Acrescente ervas e especiarias para adicionar sabor.
- Use pequenos pedaços de carne magra para dar sabor aos vegetais.
- Substitua grãos refinados por grãos integrais, como pão e arroz integral.
Essa abordagem pode gradualmente transformar seus hábitos alimentares, melhorando não só a saúde cardiovascular como também a saúde cognitiva.
Alterar a dieta de forma equilibrada pode trazer benefícios significativos à saúde. Optar por carnes magras e incluir peixes oleosos ricos em ácidos graxos ômega-3 pode ser especialmente benéfico para o cérebro. Adotar um padrão de alimentação que inclua frutas, vegetais, grãos integrais e leguminosas garante a obtenção de diversos nutrientes essenciais.
Além disso, uma alimentação variada e rica em nutrientes pode ajudar a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, elementos que estão frequentemente associados ao declínio cognitivo e a outras condições de saúde. Portanto, investir em uma dieta equilibrada é uma estratégia preventiva poderosa.