O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) que não buscará a reeleição em 2024. A decisão foi comunicada através de suas redes sociais, onde Biden afirmou que cumprirá o restante de seu mandato, mas não participará das próximas eleições presidenciais.
A desistência de Biden ocorre em meio a um crescente ceticismo entre membros do Partido Democrata sobre sua capacidade de garantir uma vitória contra o ex-presidente Donald Trump, especialmente após um desempenho considerado fraco no debate presidencial da CNN em junho.
A pressão para que o presidente renunciasse à sua candidatura aumentou nas últimas semanas, com figuras influentes do partido sugerindo que era hora de “passar o bastão” para uma nova geração de líderes.
Consequências da desistência de Biden

Segundo análise de Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos a desistência de Biden sem dúvidas reconfigura todo o cenário eleitoral, mas Trump permanece como um candidato forte, inclusive favorecido pela incerteza entre os Democratas.
“Acredito que uma vitória de Trump poderia fortalecer a relação econômica com o Brasil, potencialmente favorecendo acordos comerciais e investimentos bilaterais. Michelle Obama, se entrasse na disputa, poderia se tornar uma adversária extremamente relevante devido à sua popularidade e apelo político, com facilidade de conduzir a narrativa política defendida pelo partido. O recente atentado, ao destacar questões de segurança, pode ter beneficiado Trump ao reforçar sua imagem de liderança forte, pessoa resiliente. A moeda americana tende a se valorizar com a vitória republicana, impulsionada por expectativas de políticas pró-negócios e de redução de regulamentações“, explica o analista
Incertezas políticas nos EUA
De acordo com a análise de Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, do ponto de vista do mercado financeiro, a incerteza política pode aumentar a volatilidade no curto prazo, mas o histórico de políticas econômicas de Trump, focadas em desregulamentação e cortes de impostos, tende a ser bem recebido por muitos investidores.
“Uma eventual vitória de Trump poderia ter implicações significativas para o Brasil. Em termos econômicos, Trump tem historicamente adotado uma postura protecionista, o que poderia afetar as exportações brasileiras para os EUA. No entanto, uma política externa mais alinhada com interesses comerciais poderia também abrir novas oportunidades de negócios. A moeda americana tende a se valorizar com a vitória de Trump, dado o histórico de políticas econômicas mais conservadoras e pró-mercado”, diz o especialista.
Trump ainda pode ganhar a eleição?
Segundo análise de Roberto Dumas, Professor de Economia Insper, o cenário da economia global conta com um menor crescimento da economia chinesa em função de falta de demanda. Dessa forma, o estouro da bolha do Real Estate foi self inflicted pelo próprio Xi Jinping.
Como a mudança do modelo econômico voltado para mais consumo demora, e requer a arrumação de enormes distorções de fatores, que afetam as empresas estatais no curto prazo (SOEs), a China busca aumentar investimentos em carros elétricos (BYD), baterias e painéis solares, os trade frictions ao redor do mundo estão piorando. Alemanha, UE e Brasil já colocaram trade frictions na importação de carros elétricos da China. O que tende a deixar o mundo com inflação mais pegajosa.
“Se Trump ganhar, ele disse que colocará 61% de tarifa média em cima das importações chinesas. Se por um lado, outros paises colocarem mais trade frictions, inflação e juros globais vão ficar higher for longer. Por outro lado, trade frictions impostos pelos EUA podem beneficiar o agro brasileiro. Contra ofensiva dos chineses contra a ofensiva de Trump (61% de tarifa)”, finaliza Dumas.
“Atualmente, Trump continua como o favorito na eleição dos Estados Unidos, até mesmo porque nem se tem o candidato certo que vai suceder o Biden. Em relação ao atentado de beneficiar do Trump, precisamos entender que, o Trump já estava na frente nas pesquisas. Mas, com certeza, reforçou a sua imagem de herói. A valorização do Dólar tem pouca relação com o candidato republicano. O que vai realmente será referência é qual taxa de juros estará nos Estados Unidos. Um outro ponto relevante é que, Trump, na outra eleição, foi muito contra a imigração e pode impactar ainda mais o desemprego, que já está baixo, o que pode gerar uma volta da inflação“, avalia Volney Eyng, CEO da Multiplike.