A semana foi marcada por volatilidade nos mercados financeiros, tanto no Brasil quanto no exterior, com eventos políticos e comerciais influenciando diretamente os ativos e o sentimento dos investidores.
Desempenho do Ibovespa e mercado brasileiro
O Ibovespa fechou a sexta-feira, 18 de julho, com queda de 1,61%, terminando o pregão aos 133.381 pontos. Ao longo da semana, o índice acumulou perdas de 2,06%, refletindo a reação negativa dos investidores a uma série de fatores internos e externos.
Entre os principais eventos que impactaram o mercado, destacam-se:
- Aumento da popularidade de Lula: As recentes pesquisas da Atlas e da Quest indicaram uma melhora na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerando receios em relação ao cenário eleitoral de 2026. O mercado demonstrou cautela, com uma atenção redobrada ao desenrolar político interno.
- Operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro: A ação, que incluiu mandados de busca e apreensão, foi um dos catalisadores da tensão política. A situação jurídica do ex-presidente, que pode ter desdobramentos importantes, também foi acompanhada de perto pelos investidores.
- Decisões fiscais e recesso do Congresso: A semana também foi marcada pelo recesso do Congresso, que postergou decisões importantes, como a liberação de recursos do pré-sal para crédito rural e a votação de medidas sobre o IOF e aumento de deputados. A falta de definições fiscais e políticas contribuiu para um clima de incerteza.
No câmbio, o dólar comercial fechou em R$ 5,587, com uma alta de 0,73% no dia e 0,70% na semana, refletindo a aversão ao risco dos investidores, que buscaram ativos mais seguros diante da instabilidade interna e externa.
Fatores determinantes
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, analisa os principais fatores que moldaram o comportamento do mercado financeiro na semana. Segundo Cruz, a melhora na popularidade de Lula foi um dos fatores determinantes para o aumento da volatilidade do mercado. “A alta popularidade do presidente cria expectativas em relação a mudanças fiscais, o que gera incerteza no mercado. O aumento da pressão sobre o ex-presidente Bolsonaro, por sua vez, também reflete a fragilidade política do Brasil”, comentou.
Além disso, Cruz destacou que a temporada de balanços nos Estados Unidos e na Europa começou de forma positiva, com muitas empresas superando as expectativas dos analistas. No entanto, ele alerta que a pressão das tarifas impostas por Donald Trump continua a ser um risco para os mercados globais. “As tarifas de 10% a 15% impostas por Trump aos produtos de 150 países, incluindo o Brasil, são um fator relevante para o comportamento do mercado, especialmente no que se refere a commodities e setores exportadores”, afirmou.
Desempenho do mercado externo
Os mercados internacionais também apresentaram resultados mistos. Nos Estados Unidos, o Dow Jones caiu 0,32%, enquanto o S&P 500 apresentou uma leve queda de 0,01%. Já o Nasdaq subiu 0,05%, atingindo um novo recorde de fechamento. A volatilidade no mercado americano refletiu as incertezas internas, como os dados de lucros das empresas e a pressão externa proveniente das tarifas de Trump.
No contexto internacional, as tensões comerciais com a China e os EUA continuaram a gerar apreensão entre os investidores. Trump reforçou a imposição de tarifas de 10% a 15% sobre diversos produtos, o que contribuiu para uma onda de aversão ao risco nos mercados globais. A expectativa é que essa dinâmica continue a impactar os mercados nos próximos meses.
Expectativas para a próxima semana
A semana seguinte promete ser decisiva para o mercado financeiro, com os investidores atentos aos seguintes eventos:
- Resposta do Brasil às tarifas dos EUA: O governo brasileiro deverá definir suas estratégias em resposta às ameaças de tarifas impostas por Trump, o que poderá ter impactos significativos nas exportações e na economia como um todo.
- Desdobramentos políticos internos: A situação jurídica de Jair Bolsonaro e a evolução das investigações devem continuar a influenciar o cenário político e, consequentemente, o mercado financeiro. A volatilidade política continuará a ser uma preocupação central.
- Temporada de balanços: Nos Estados Unidos e na Europa, os balanços das empresas seguirão no foco dos investidores, com os resultados financeiros sendo uma importante referência para as projeções dos mercados nos próximos meses.
Como analisar essa semana?
O fechamento desta semana reflete a combinação de incertezas políticas internas e externas, com a tensão política no Brasil e o impacto das tarifas comerciais globais como os principais catalisadores da volatilidade. A situação continua a exigir cautela dos investidores, com a expectativa de que o cenário político e econômico evolua de maneira decisiva nas próximas semanas.
Com a sequência de balanços financeiros e as movimentações políticas internas e externas, a tendência é que o mercado continue a oscilar, com os investidores buscando equilibrar os riscos e oportunidades.