O aumento de tarifas e os desafios na balança comercial têm gerado apreensão entre empresas brasileiras, especialmente aquelas com grande exposição ao mercado externo, como a Embraer. Em entrevista ao BM&C News, Tato Barros, assessor de investimentos da Fami Capital, abordou o cenário atual e as possíveis consequências para empresas do setor, destacando o caso da Embraer, que enfrenta uma situação delicada devido à sua dependência do mercado norte-americano.
Empresas expostas a tarifas sofrem com volatilidade
A apreensão é palpável no mercado, com algumas empresas apresentando movimentos de baixa seguidos de “stops” frequentes. O risco de tarifas mais elevadas impõe um cenário de incerteza, o que leva investidores a adotar uma postura mais cautelosa, aguardando uma definição sobre as novas condições comerciais. “A cautela vai continuar, especialmente enquanto não houver uma base sólida de negociação ou uma definição mais clara sobre essas tarifas,” afirmou Tato Barros.
A Embraer é um dos principais exemplos dessa vulnerabilidade. A gigante do setor aeronáutico tem os Estados Unidos como seu maior mercado, com contratos que envolvem aeronaves de alto valor, como modelos que podem chegar a 50 milhões de dólares. Tato ressalta que, embora o mercado se ajuste e busque alternativas, a especialização e o valor dos contratos da Embraer tornam difícil substituir o cliente americano por outro mercado. “O impacto é grande. Não é fácil vender aeronaves de 20, 30 ou 50 milhões de dólares para outro país que não os Estados Unidos”, explicou.
Merca e os ajustes às tarifas
Embora o setor específico de commodities, como soja, tenha encontrado alternativas após restrições comerciais, o mesmo não se aplica a nichos como o de aeronaves. Tato Barros destaca que, apesar dos desafios, o mercado se ajusta com o tempo, mas enfatiza que para setores mais especializados, como o da Embraer, o ajuste pode ser mais complicado.
O cenário para as empresas brasileiras pode melhorar dependendo do desenrolar das negociações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. A expectativa é de que, até o início de agosto, o Brasil consiga evitar as tarifas mais altas, por meio de vias diplomáticas e conversações diretas. Tato Barros acredita que o pior cenário pode ser evitado, com o mercado se ajustando ao que se espera de uma resolução das negociações.
Expectativa para o futuro com tarifas no radar
O mercado, que nos últimos dias tem visto uma realização de lucros e um leve ajuste do dólar para cima, não acredita que as tarifas propostas pelo governo dos Estados Unidos se concretizem totalmente. A confiança na negociação e a adaptação dos mercados indicam que, apesar das quedas pontuais, o cenário para as empresas expostas às tarifas pode se estabilizar se as negociações forem conduzidas adequadamente.
Acompanhando de perto os desdobramentos, Tato Barros acredita que, se o Brasil continuar negociando com os Estados Unidos, o impacto no mercado será mais brando e muitas das empresas, como a Embraer, poderão passar por essa fase de incerteza com menos danos do que se previa inicialmente.