O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos ficou estável em junho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Bureau of Labor Statistics (BLS). O resultado veio abaixo da expectativa de alta de 0,1%, sugerindo uma moderação mais clara das pressões inflacionárias no atacado.
Segundo Bruna Allemann, especialista em investimentos internacionais da Nomos, os dados recentes mostram uma economia norte-americana em desaceleração, o que reforça a necessidade de o Federal Reserve rever o cronograma para o início do ciclo de cortes na taxa de juros. “Estamos começando a ver uma fraqueza tanto na inflação quanto na demanda”, afirmou ela, destacando que a combinação dos dados do CPI e do PPI esta semana fortalece essa leitura.
Allemann também destacou a crescente tensão política entre Donald Trump e Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, que pode se intensificar com a aproximação do fim do mandato de Powell, previsto para maio de 2026. “Trump vê Powell como atrasado nas decisões e outros nomes já começam a se posicionar politicamente para substituí-lo”, disse.
PPI dos EUA permanece estável em junho e indica alívio inflacionário
O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos ficou estável em junho, segundo dados divulgados nesta terça-feira (16) pelo Bureau of Labor Statistics (BLS). O resultado veio abaixo da expectativa de alta de 0,1%, sugerindo uma moderação mais clara das pressões inflacionárias no atacado.
Dados principais do PPI de junho:
- Variação mensal: 0,0%
- Variação anual: +2,3% (abaixo da projeção de 2,5%)
- PPI “core” (núcleo): +2,5% em 12 meses
O resultado de junho sucede uma alta de 0,3% em maio, indicando que o movimento de desaceleração da inflação ao produtor pode estar ganhando tração.
Bens sobem, mas serviços recuam
A estabilidade do índice geral se deve ao equilíbrio entre os preços de bens e serviços:
- Preços de bens: alta de 0,3%, puxada por eletrônicos e alimentos processados.
- Preços de serviços: recuo de 0,1%, influenciado por quedas em hospedagem e transporte.
- Energia: teve leve variação positiva, mas dentro da média histórica.
Impactos das tarifas de Trump e leitura de mercado
Bruna Allemann também comentou os efeitos das tarifas impostas por Trump. Para ela, “as tarifas podem estar gerando uma pressão inflacionária inversa à esperada, o que também contribui para o cenário mais complexo à frente”. Ela observa que o impacto dessas medidas ainda está em evolução, e fatores geopolíticos tendem a ampliar a volatilidade.
Além disso, a estrategista destaca que os mercados reagiram de forma positiva inicialmente, com o S&P 500 subindo logo após a divulgação do dado, mas devolvendo parte dos ganhos até às 10h45 (horário de Brasília), refletindo a leitura ainda incerta dos próximos passos do Fed.
O que esperar do Federal Reserve?
Apesar dos sinais de desaceleração, a política monetária segue em compasso de espera. O Federal Reserve mantém a taxa básica entre 4,25% e 4,50%, mas o novo conjunto de dados pressiona por uma reavaliação. “A visão do Powell é de que a economia segue robusta, mas há margem para ajustes”, disse Allemann.
A incerteza sobre o momento ideal para o início dos cortes se intensifica à medida que a atividade econômica dá sinais mistos e o debate político ganha força.
Inflação sob controle?
O dado de PPI de junho reforça a percepção de que a inflação está sob controle nas etapas iniciais da cadeia produtiva. Combinado à fraqueza recente no CPI, o cenário favorece uma possível flexibilização monetária ainda este ano, desde que os próximos indicadores confirmem a tendência. Bruna Allemann resume: “Precisamos observar os próximos dados. A leitura atual é de moderação, mas o cenário continua sensível a fatores políticos e geopolíticos.”