O primeiro semestre de 2025 foi marcado por forte dispersão de retornos nos mercados globais, reforçando a importância da diversificação internacional de portfólios. Com valorização de 15,44% em reais e 28,67% em dólares, o Ibovespa se posicionou como um dos melhores desempenhos do mundo em dólar, ocupando a 7ª posição entre as bolsas mundiais, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta.
Na avaliação do estrategista-chefe e CIO da MSX Invest, Marco Saravalle, o semestre mostrou que a alocação estratégica foi mais importante do que tentar acertar o momento certo de entrada ou saída.
“O semestre confirmou o valor da diversificação. Quem focou em timing, como no caso da Argentina, perdeu dinheiro. O investidor que distribuiu sua alocação entre diferentes regiões, como Europa, Ásia e Brasil, colheu melhores resultados”, afirmou Saravalle à BM&C News.
Fluxo saiu dos EUA e buscou outras bolsas
Os principais índices dos Estados Unidos registraram altas modestas, impactados pela volatilidade gerada pela política tarifária do governo Trump e tensões geopolíticas. O Nasdaq subiu 4,99%, o S&P 500 avançou 4,96% e o Dow Jones, 3%. Durante abril, o impacto nas “Sete Magníficas” (Apple, Amazon, Meta, Alphabet, Microsoft, Tesla e Nvidia) chegou a perdas acumuladas de US$ 4,26 trilhões em valor de mercado desde a posse de Trump.
“Os Estados Unidos deixaram de ser o porto seguro de sempre. A volatilidade, agravada pelas tarifas, fez com que os recursos buscassem alternativas mais previsíveis. As bolsas da Europa e de países emergentes como Brasil, Chile e Colômbia acabaram se beneficiando”, explica Saravalle.
Bolsas brasileiras se destacam e atraem capital externo
Além da valorização do Ibovespa em moeda local, as bolsas brasileiras se beneficiaram de uma das maiores valorizações cambiais do semestre, o que impulsionou os retornos em dólares. Para Marco Saravalle, a entrada de capital estrangeiro nas bolsas foi um dos principais motores desse desempenho.
“O real foi uma das moedas que mais se valorizou no mundo no primeiro semestre. Isso reflete não só a performance das bolsas, mas também a confiança dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro no curto prazo”, explica o especialista.
Saravalle acrescenta que muitos ativos da B3 iniciaram o ano com preços bastante descontados, aumentando a atratividade das bolsas brasileiras para quem buscava diversificação fora dos mercados desenvolvidos.
Perspectivas mais cautelosas as bolsas
Apesar do bom desempenho no primeiro semestre, Saravalle observa que o segundo semestre tende a ser mais desafiador.
“Reduzimos parte da assimetria que existia em março e abril. Ainda temos ativos descontados, mas o espaço de valorização diminuiu. Julho deve ser um mês mais lento, por conta das férias no hemisfério norte. As definições sobre política monetária e conflitos comerciais devem ditar o ritmo do mercado daqui em diante.”
Desempenho das principais bolsas no 1º semestre
País / Índice | Rentabilidade em US$ | Rentabilidade Local |
---|---|---|
Alemanha – DAX | +36,34% | — |
Espanha – IBEX | — | — |
Portugal – PSI | — | — |
Chile | +31,67% | +22,40% |
Colômbia | +30,49% | +21,67% |
China – Hang Seng Index | +23,25% | — |
China – FTSE China 50 | +23,12% | — |
Brasil – Ibovespa | +28,67% | +15,44% |
EUA – Nasdaq | +4,99% | — |
EUA – S&P 500 | +4,96% | — |
EUA – Dow Jones | +3,00% | — |
Argentina – Merval | -30,09% | -19,44% |
A performance das bolsas no primeiro semestre de 2025 reforça que diversificar geograficamente continua sendo a melhor estratégia para o investidor de longo prazo. Enquanto os EUA enfrentaram turbulência, Brasil, Europa e alguns emergentes apresentaram retornos superiores, tanto em moeda local quanto em dólar.
“Não é sobre prever o mercado, mas sobre construir uma carteira resiliente. A lição do semestre é clara: alocação estratégica é mais eficiente do que acertar o timing perfeito”, conclui Saravalle.