A semana começou já no domingo com apreensão nos mercados devido ao aumento das tensões geopolíticas. A expectativa era de que o petróleo disparasse, o que ocorreu momentaneamente. O Brent chegou a superar os US$ 80, mas devolveu os ganhos já na segunda-feira, com o mercado global avaliando que o conflito não teria desdobramentos mais graves no curto prazo.
“O grande tema da semana foi o petróleo. No domingo, com o aumento das tensões geopolíticas, o mercado esperava uma disparada da commodity, e de fato o Brent chegou a tocar a casa dos 80 dólares. Mas a reação durou pouco”, explicou Marco Saravalle, CIO da MSX Invest.
IPCA-15 surpreende mercado positivamente e curva de juros reage
No Brasil, o destaque macroeconômico foi a divulgação do IPCA-15 abaixo do esperado, sinalizando uma desaceleração inflacionária. O resultado ajudou na precificação da curva de juros, com impacto nos ativos de renda fixa e nas expectativas para a política monetária.
“Esse dado mostra uma certa desaceleração econômica, o que ajudou na precificação futura dos juros. Mesmo assim, os investidores seguem ansiosos quanto à possibilidade de cortes ainda este ano ou só em 2026. A nossa avaliação é que ainda é cedo”, afirmou Saravalle.
Derrota do governo no Congresso acende alerta fiscal e preocupa mercado
O cenário político também gerou repercussões no mercado. A derrubada do decreto do IOF pelo Congresso Nacional representou mais uma derrota significativa para o governo Lula, aumentando as dúvidas sobre a articulação política e o comprometimento com o ajuste fiscal.
“A situação levanta dúvidas sobre a governabilidade e os próximos passos da equipe econômica. Existe até a possibilidade de judicialização do tema”, alertou o CIO da MSX.
Mercado americano aposta em cortes de juros
Nos Estados Unidos, apesar da inflação medida pelo PCE, indicador preferido do Fed, ter vindo levemente acima do esperado, o enfraquecimento da renda do consumidor trouxe alívio aos investidores. Isso reforçou as apostas de que o Fed pode cortar os juros duas ou até três vezes até o fim do ano.
“O mercado americano está dividido entre esperar duas ou três quedas de juros até o fim do ano, mas já vemos uma retomada do apetite ao risco, o que ajuda a renda variável por lá”, disse Saravalle.
Brasil termina a semana em compasso de espera
Enquanto os Estados Unidos caminham para um fechamento de semana mais positivo, impulsionados pelo otimismo com juros e retomada do consumo, o Brasil fecha em tom mais cauteloso. A volatilidade nas commodities, a incerteza fiscal e a dúvida sobre o espaço para novos cortes da Selic deixam o investidor local mais defensivo.
“O nosso Ibovespa ficou mais volátil, com destaque para a movimentação de Petrobras e outras empresas ligadas às commodities. Aqui, seguimos em compasso de espera”, concluiu Saravalle.